CAPÍTULO II - O ENCONTRO COM JESUS CRISTO NA AMÉRICA DE HOJE
O fenômeno da globalização
20. A tendência à globalização é característica do mundo contemporâneo; fenômeno esse que, mesmo não sendo exclusivamente americano, é mais perceptível e tem maiores repercussões na América. Trata-se de um processo que fica a dever à maior comunicação existente entre as diversas partes do mundo, na prática levando à superação das distâncias, com evidentes efeitos nos mais distintos campos.
As repercussões do ponto de vista ético podem ser positivas ou negativas. Existe, certamente, uma globalização econômica que traz em si algumas conseqüências positivas, tais como o fenômeno da eficiência e o aumento da produção e que, com o crescimento das relações entre os diversos países no âmbito econômico, pode reforçar o processo da unidade dos povos e prestar um melhor serviço à família humana. Porém, se a globalização é dirigida pelas puras leis do mercado aplicadas conforme a conveniência dos mais poderosos, as conseqüências só podem ser negativas. Tais são, por exemplo, a atribuição de um valor absoluto à economia, o desemprego, a diminuição e o deterioramento de alguns serviços públicos, a destruição do ambiente e da natureza, o aumento das diferenças entre ricos e pobres, a concorrência injusta que põe as nações pobres numa situação de inferioridade sempre mais acentuada. (55) A Igreja, mesmo estimando os valores positivos que comporta a globalização, vê com preocupação os aspectos negativos por ela veiculados.
E que dizer, então, da globalização cultural produzida por pressão dos meios de comunicação social? Estes impõem em toda a parte novas escalas de valores, com freqüência arbitrários e fundamentalmente materialistas, diante dos quais é difícil manter viva a adesão aos valores do Evangelho.
O peso da dívida externa
22. Os Padres Sinodais manifestaram sua preocupação pela dívida externa que aflige muitas nações americanas, solidarizando-se com elas. Eles chamam com vigor a atenção da opinião pública para a complexidade do tema, ao reconhecerem que ´ a dívida é, com freqüência, fruto da corrupção e da má administração ª. (59) Na linha da reflexão sinodal, tal reconhecimento não pretende concentrar somente num pólo as responsabilidades de um fenômeno extremamente complexo na sua origem e nas suas soluções. (60)
Assim, entre as causas que contribuíram para a formação de uma dívida externa opressiva, assinalam-se não só as elevadas taxas de juros, fruto de políticas financeiras especulativas, mas também a irresponsabilidade de alguns governantes que, ao contrair a dívida, não refletiram suficientemente sobre as reais possibilidades de saldá-la, com a agravante de que enormes somas, obtidas graças aos empréstimos internacionais, servem às vezes para enriquecer as pessoas individualmente, em vez de destiná-las a sustentar as mudanças necessárias para o desenvolvimento do país. Por outro lado, seria injusto fazer pesar as conseqüências de tais decisões irresponsáveis sobre quem não as assumiu. Compreende-se ainda melhor a gravidade da situação se se leva em conta que ´ só o pagamento dos juros já constitui para a economia das nações pobres um peso que priva as autoridades da disponibilidade do dinheiro necessário para o desenvolvimento social, a educação, a saúde e a instituição de um fundo gerador de empregos ª. (61)
CAPÍTULO V - CAMINHO PARA A SOLIDARIEDADE
A doutrina social da Igreja
54. Diante dos graves problemas de ordem social que, com características distintas, encontram-se em toda a América, o católico sabe que pode encontrar na doutrina social da Igreja a resposta por onde iniciar a identificar as soluções concretas. Difundir tal doutrina constitui, portanto, uma autêntica prioridade pastoral. É, pois, importante ´ que na América os agentes de evangelização (Bispos, sacerdotes, professores, animadores pastorais, etc...) assimilem este tesouro que é a doutrina social da Igreja e, iluminados por ela, se tornem capazes de ler a realidade atual e de procurar os caminhos para agir ª. (199) A este respeito, deve-se privilegiar a formação dos leigos capazes de trabalhar, em nome da fé em Cristo, para a transformação das realidades temporais. Mais, será oportuno promover e apoiar o estudo desta doutrina em todos os âmbitos das Igrejas particulares na América e, sobretudo, no universitário, para que ela seja conhecida com maior profundidade e aplicada na sociedade americana. A complexa realidade social deste Continente é um campo fecundo para a análise e a aplicação dos princípios universais de tal doutrina.
Para conseguir este objetivo, seria muito útil um compêndio ou uma síntese autorizada da doutrina social católica, inclusive um ´ catecismo ª, que mostre a relação que existe entre esta e a nova evangelização. A parte que o Catecismo da Igreja Católica dedica a esta matéria, a propósito do sétimo mandamento do decálogo, poderia constituir o ponto de partida deste ´ Catecismo de Doutrina social católica ª. Naturalmente, como aconteceu para o Catecismo da Igreja Católica, aquele também limitar-se-ia a formular os princípios gerais, deixando para posteriores fases de aplicação o estudo dos problemas conexos com as diversas situações locais. (200)
O direito a um trabalho digno ocupa um lugar importante na doutrina social da Igreja. Por isso, diante das altas taxas de desemprego, que afligem muitos países americanos, e das duras condições de vida de tantos trabalhadores da indústria e do campo, ´ é necessário apreciar o trabalho como elemento de realização e de dignidade da pessoa humana. É responsabilidade ética de uma sociedade organizada promover e apoiar uma cultura do trabalho ª. (201)
Globalização da solidariedade
55. O complexo fenômeno da globalização como lembrei anteriormente, é uma das características da nossa época, verificável especialmente na América. Dentre esta variada realidade, o aspecto econômico assume grande importância. Com a sua doutrina social, a Igreja oferece uma válida contribuição para a problemática que apresenta a atual economia globalizada. Sua visão moral nesta matéria ´ apoia-se sobre os três alicerces fundamentais da dignidade humana, da solidariedade e da subsidiariedade ª. (202) A economia globalizada deve ser analisada à luz dos princípios da justiça social, respeitando a opção preferencial pelos pobres, que devem ser colocados em condições de defender-se numa economia globalizada, e as exigências do bem comum internacional. Na verdade, ´ a doutrina social da Igreja é a visão moral que visa estimular os governos, as instituições e as organizações privadas para que projetem um futuro compatível com a dignidade humana. Nesta perspectiva, podem-se considerar as questões relacionadas com a dívida externa, a corrupção política interna e a discriminação tanto dentro das nações como entre elas ª. (203)
A Igreja na América é chamada não só a promover uma maior integração entre as nações, contribuindo assim a criar uma autêntica cultura globalizada da solidariedade, (204) mas também a colaborar com todos os meios legítimos para a redução dos efeitos negativos da globalização, tais como o domínio dos mais poderosos sobre os mais fracos, especialmente no campo econômico, e a perda dos valores das culturas locais a favor de uma mal entendida homogeneização.
Pecados sociais que clamam ao céu
56. À luz da doutrina social da Igreja compreende-se melhor a gravidade dos ´ pecados sociais que clamam ao céu, porque geram violência, rompem a paz e a harmonia entre as comunidades de uma mesma nação, entre nações e as distintas zonas do Continente ª. (205) Entre eles devem ser lembrados, ´ o comércio de drogas, a reciclagem de lucros ilícitos, a corrupção em qualquer ambiente, o terror da violência, a corrida aos armamentos, a discriminação racial, as desigualdades entre os grupos sociais, a destruição irracional da natureza ª. (206) Estes pecados manifestam uma crise profunda devida à perda do sentido de Deus e pela ausência daqueles princípios morais que devem nortear a vida de cada homem. Sem referências morais, cai-se na avidez desenfreada de riqueza e de poder, que ofusca qualquer visão evangélica da realidade social.
Não raro, isto leva algumas instâncias públicas a descurar a situação social. Domina cada vez mais, em muitos Países americanos, um sistema conhecido como ´ neo-liberalismo ª; sistema este que, apoiado numa concepção economicista do homem, considera o lucro e as leis de mercado como parâmetros absolutos a prejuízo da dignidade e do respeito da pessoa e do povo. Por vezes, este sistema transformou-se numa justificação ideológica de algumas atitudes e modos de agir no campo social e político que provocam a marginalização dos mais fracos. De fato, os pobres são sempre mais numerosos, vítimas de determinadas políticas e estruturas freqüentemente injustas. (207)
A melhor resposta, a partir do Evangelho, para esta dramática situação é a promoção da solidariedade e da paz, em vista da efetiva realização da justiça. A tal fim, ocorre estimular e ajudar os que são exemplo de honestidade na administração das finanças públicas e da justiça. Ocorre, outrossim, apoiar o processo de democratização que se está a realizar na América, (208) pois num sistema democrático são maiores as possibilidades de controle que permitem evitar os abusos.
´ O Estado de direito é a condição necessária para estabelecer uma autêntica democracia ª. (209) Para que esta se possa desenvolver, é necessária a educação cívica e a promoção da ordem pública e da paz. Com efeito, ´ não há democracia autêntica e estável sem justiça social. Por isso, é necessário que a Igreja ponha maior atenção na formação das consciências, prepare os dirigentes sociais para a vida pública a todos os níveis, promova a educação cívica, a observância da lei e dos direitos humanos e dedique um maior esforço para a formação ética da classe política ª. (210)
O fundamento último dos direitos humanos
57. Convem lembrar que o fundamento sobre o qual se apoiam todos os direitos humanos é a dignidade da pessoa. ´ O homem, obra prima divina, é imagem e semelhança de Deus. Jesus assumiu nossa natureza, exceto o pecado; promoveu e defendeu a dignidade de cada pessoa humana sem qualquer excepção; morreu pela liberdade de todos. O Evangelho mostra-nos como Cristo exaltou a centralidade da pessoa humana na ordem natural (cf. Lc 12, 22-29), na ordem social e na ordem religiosa, até mesmo em relação à Lei (cf. Mc 2, 27), defendendo o homem, e também a mulher (cf. Jo 8, 11) e as crianças (cf. Mt 19, 13-15), que, conforme a época e a cultura reinante, ocupavam um lugar secundário na sociedade. Da dignidade do homem enquanto filho de Deus nascem os direitos humanos e os correspondentes deveres ª. (211) Por este motivo, ´ toda violação da dignidade humana é injúria ao próprio Deus, cuja imagem é o homem ª. (212) Tal dignidade é comum a todos os homens sem excepção, pois todos foram criados à imagem de Deus (cf. Gn 1, 26). A resposta de Jesus à pergunta ´ Quem é o meu próximo? ª (Lc 10, 29) exige de cada qual uma atitude de respeito pela dignidade do outro e uma atenção cuidadosa dele, mesmo em se tratando de um estrangeiro ou de um inimigo (cf. Lc 10, 30-37). Em todas as partes da América a consciência de que os direitos humanos devem ser respeitados cresceu nestes últimos tempos, mas permanece ainda muito a ser feito, se se consideram as violações dos direitos de pessoas e de grupos sociais ainda efetuadas no Continente.
Amor preferencial pelos pobres e marginalizados
58. ´ A Igreja na América deve encarnar nas suas iniciativas pastorais a solidariedade da Igreja universal pelos pobres e pelos marginalizados de toda espécie. Sua posição deve compreender a assistência, a promoção, a libertação e a acolhida fraterna. O objetivo da Igreja é que não haja nenhum marginalizado ª. (213) A recordação dos capítulos cinzas da história da América, relativos à prática da escravidão e outras situações de discriminação social, não deve deixar de suscitar um sincero desejo de conversão que leve à reconciliação e à comunhão.
A atenção aos mais necessitados provem da opção de amar de modo preferencial os pobres. Trata-se de um amor que não é exclusivo e não pode ser interpretado como sinal de parcialidade ou de facciosismo; (214) amando os pobres, o cristão segue o comportamento do Senhor, o Qual, na sua vida terrena, dedicou-se, com sentimentos de particular compaixão, às necessidades espirituais e materiais das pessoas indigentes.
A obra da Igreja a favor dos pobres em todas as zonas do Continente é importante; deve-se, porém, continuar a trabalhar a fim de que esta linha de ação pastoral seja sempre mais destinada ao encontro com Cristo, o Qual, sendo rico, Se fez pobre por nós, a fim de nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). É necessário intensificar e estender quanto já se vem fazendo neste campo, com o fim de alcançar o maior número de pobres. A Sagrada Escritura lembra que Deus escuta o grito dos pobres (cf. Sl 34 [33], 7) e a Igreja deve permanecer atenta ao grito dos mais necessitados. Escutando a sua voz, ´ ela deve viver com os pobres e participar dos seus sofrimentos. [...] Com o seu estilo de vida, as suas prioridades, as suas palavras e as suas ações, ela deve testemunhar de estar em comunhão e solidariedade com eles ª. (215)
A dívida externa
59. A existência de uma dívida externa que sufoca não poucos povos do Continente americano, constitui um problema complexo. Mesmo sem abordar seus numerosos aspectos, a Igreja, na sua solicitude pastoral, não pode ignorar este problema, pois este se refere à vida de tantas pessoas. Por isto, diversas Conferências Episcopais na América, conscientes da sua gravidade, organizaram a este respeito encontros de estudo e publicaram documentos destinados a indicar soluções operacionais. (216) Também eu expressei, em diversas ocasiões, minha preocupação por esta situação, que tornou-se, em certos casos, insustentável. Na perspectiva do já iminente Grande Jubileu do ano 2000, ao recordar o significado social que revestiam os jubileus no Antigo Testamento, escrevi: ´ No espírito do livro do Levítico (25, 8-12), os cristãos deverão fazer-se eco de todos os pobres do mundo, propondo o Jubileu como um tempo oportuno para pensar, além do mais, numa consistente redução, se não mesmo no perdão total da dívida internacional, que pesa sobre o destino de muitas nações ª. (217)
Reitero o auspício, feito a propósito pelos Padres Sinodais, de que o Pontifício Conselho "Justiça e Paz", junto com outros organismos competentes como a Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, ´ procure, no estudo e no diálogo com os representantes do Primeiro Mundo e com os responsáveis do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, vias de solução para o problema da dívida externa e normas que impeçam a repetição de idênticas situações por ocasião de futuros empréstimos ª. (218) Do maior nível possível, seria oportuno que ´ peritos em economia e em questões monetárias, de prestígio internacional, procedessem a uma análise crítica da ordem econômica mundial, nos seus aspectos positivos e negativos, para, deste modo, corrigir a ordem atual, e propusessem um sistema e mecanismos capazes de garantir o desenvolvimento integral e solidário das pessoas e dos povos ª. (219)
Cultura da morte e sociedade dominada pelos poderosos
63. Hoje, na América, como em outras partes do mundo, parece entrever-se um modelo de sociedade em que dominam os poderosos, marginalizando e até mesmo eliminando os mais fracos: penso aqui nas crianças não nascidas, vítimas indefesas do aborto; nos anciãos e nos doentes incuráveis, às vezes objeto de eutanásia; e nos inumeráveis seres humanos postos à margem pelo consumismo e pelo materialismo. Não posso esquecer, também, do desnecessário recurso à pena de morte, quando ´ outros processos incruentos forem suficientes para defender do agressor e para proteger a segurança das pessoas [...]. De fato, hoje, com os meios a disposição do Estado para reprimir o crime com eficácia, tornando inofensivo quem o cometeu, sem privá-lo definitivamente a possibilidade de redimir-se, os casos de absoluta necessidade de supressão do réu são "já muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes" ª. (229) Este modelo de sociedade é baseado na cultura da morte, estando, portanto, em contraste com a mensagem evangélica. Perante esta realidade desoladora, a Comunidade eclesial propõe-se defender sempre mais a cultura da vida.
A este respeito, os Padres Sinodais, fazendo-se eco dos recentes documentos do Magistério da Igreja, reafirmaram com vigor o incondicionado respeito e total devotamento a favor da vida humana desde a concepção até a morte natural, e exprimem a condenação dos males como o aborto e a eutanásia. Para sustentar estes ensinamentos da lei divina e natural, é essencial promover o conhecimento da doutrina social da Igreja, e esforçar-se a fim de que os valores da vida e da família sejam reconhecidos e defendidos na vivência social e nos ordenamentos do Estado. (230) Paralelamente à tutela da vida, há de ser intensificada, através de várias instituições pastorais, uma promoção ativa das adoções e uma constante assistência às mulheres com problemas na gravidez, quer antes quer depois do nascimento do filho. Mais, há de reservar-se uma especial atenção pastoral às mulheres que sofreram ou procuraram ativamente o aborto. (231)
Como não dar graças a Deus, e como não expressar vivo apreço pelos irmãos e irmãs na fé que na América, junto a outros cristãos e inúmeras pessoas de boa vontade, estão empenhados em defender, com todos os meios legais, a vida e a tutelar o nascituro, o doente incurável e os inválidos? Sua ação é ainda mais meritória se se consideram a indiferença de muitos, as ameaças eugenéticas e os atentados à vida e à dignidade humana, que diariamente se cometem em todo lugar. (232)
Idêntico cuidado se há de ter pelos anciãos, por vezes descurados e abandonados a si próprios. Estes devem ser respeitados como pessoas; é importante realizar para eles iniciativas de acolhida e de assistência, que promovam seus direitos e garantam, na medida do possível, o bem-estar físico e espiritual. Os anciãos hão de ser protegidos das situações e pressões que poderiam induzi-los ao suicídio; de modo particular, eles devem ser amparados hoje contra a tentação do suicídio assistido e a eutanásia.
Junto aos Pastores do Povo de Deus na
América, faço apelo aos ´ católicos que
trabalham no campo médico-sanitário e a todos os que
desempenham funções públicas, como também
aos que se dedicam ao ensino, a fim de que façam todo o
possível para defender as vidas que correm maior perigo,
agindo com uma consciência bem formada segundo a doutrina
católica. Os Bispos e os presbíteros têm, neste
campo, a especial responsabilidade de testemunhar sem tréguas
o Evangelho da vida e de exortar a coerência dos fiéis
ª. (233) Ao mesmo tempo, é indispensável que a
Igreja na América ilumine, com oportunas
intervenções, a elaboração das
decisões das assembléias legislativas, estimulando os
cidadãos, seja os católicos seja as outras pessoas de
boa vontade, a constituir organizações para promover
válidos projetos de lei e para se opor aos que ameaçam
a família e a vida, que são duas realidades
inseparáveis. Hoje em dia, é preciso cuidar
especialmente daquilo que se refere ao diagnóstico
pré-natal, para que, de modo algum, a dignidade humana seja
lesionada.
CAPITULO II - EL ENCUENTRO CON JESUCRISTO EN EL HOY DE AMERICA
El fenómeno de la globalización
20. Una característica del mundo actual es la tendencia a la globalización, fenómeno que, aun no siendo exclusivamente americano, es más perceptible y tiene mayores repercusiones en América. Se trata de un proceso que se impone debido a la mayor comunicación entre las diversas partes del mundo, llevando prácticamente a la superación de las distancias, con efectos evidentes en campos muy diversos.
Desde el punto de vista ético, puede tener una valoración positiva o negativa. En realidad, hay una globalización económica que trae consigo ciertas consecuencias positivas, como el fomento de la eficiencia y el incremento de la producción, y que, con el desarrollo de las relaciones entre los diversos países en lo económico, puede fortalecer el proceso de unidad de los pueblos y realizar mejor el servicio a la familia humana. Sin embargo, si la globalización se rige por las meras leyes del mercado aplicadas según las conveniencias de los poderosos, lleva a consecuencias negativas. Tales son, por ejemplo, la atribución de un valor absoluto a la economía, el desempleo, la disminución y el deterioro de ciertos servicios públicos, la destrucción del ambiente y de la naturaleza, el aumento de las diferencias entre ricos y pobres, y la competencia injusta que coloca a las naciones pobres en una situación de inferioridad cada vez más acentuada.(55)La Iglesia, aunque reconoce los valores positivos que la globalización comporta, mira con inquietud los aspectos negativos derivados de ella.
¿Y qué decir de la globalización cultural producida por la fuerza de los medios de comunicación social? Éstos imponen nuevas escalas de valores por doquier, a menudo arbitrarios y en el fondo materialistas, frente a los cuales es muy difícil mantener viva la adhesión a los valores del Evangelio.
El peso de la deuda externa
22. Los Padres sinodales han manifestado su preocupación por la deuda externa que afecta a muchas naciones americanas, expresando de este modo su solidaridad con las mismas. Ellos llaman justamente la atención de la opinión pública sobre la complejidad del tema, reconociendo que la deuda es frecuentemente fruto de la corrupción y de la mala administración ª.(59) En el espíritu de la reflexión sinodal, este reconocimiento no pretende concentrar en un sólo polo las responsabilidades de un fenómeno que es sumamente complejo en su origen y en sus soluciones.(60)
En efecto, entre las múltiples causas que han llevado a una deuda externa abrumadora deben señalarse no sólo los elevados intereses, fruto de políticas financieras especulativas, sino también la irresponsabilidad de algunos gobernantes que, al contraer la deuda, no reflexionaron suficientemente sobre las posibilidades reales de pago, con el agravante de que sumas ingentes obtenidas mediante préstamos internacionales se han destinado a veces al enriquecimiento de personas concretas, en vez de ser dedicadas a sostener los cambios necesarios para el desarrollo del país. Por otra parte, sería injusto que las consecuencias de estas decisiones irresponsables pesaran sobre quienes no las tomaron. La gravedad de la situación es aún más comprensible, si se tiene en cuenta que ´ ya el mero pago de los intereses es un peso sobre la economía de las naciones pobres, que quita a las autoridades la disponibilidad del dinero necesario para el desarrollo social, la educación, la sanidad y la institución de un depósito para crear trabajoª.(
CAPÍTULO V - CAMINO PARA LA SOLIDARIDAD
Doctrina social de la Iglesia
54. Ante los graves problemas de orden social que, con características diversas, existen en toda América, el católico sabe que puede encontrar en la doctrina social de la Iglesia la respuesta de la que partir para buscar soluciones concretas. Difundir esta doctrina constituye, pues, una verdadera prioridad pastoral. Para ello es importante que en América los agentes de evangelización (Obispos, sacerdotes, profesores, animadores pastorales, etc.) asimilen este tesoro que es la doctrina social de la Iglesia, e, iluminados por ella, se hagan capaces de leer la realidad actual y de buscar vías para la acción ª. (199) A este respecto, hay que fomentar la formación de fieles laicos capaces de trabajar, en nombre de la fe en Cristo, para la transformación de las realidades terrenas. Además, será oportuno promover y apoyar el estudio de esta doctrina en todos los ámbitos de las Iglesias particulares de América y, sobre todo, en el universitario, para que sea conocida con mayor profundidad y aplicada en la sociedad americana.
Para alcanzar este objetivo sería muy útil un compendio o síntesis autorizada de la doctrina social católica, incluso un catecismo ª, que muestre la relación existente entre ella y la nueva evangelización. La parte que el Catecismo de la Iglesia Católica dedica a esta materia, a propósito del séptimo mandamiento del Decálogo, podría ser el punto de partida de este ´ Catecismo de doctrina social católica ª. Naturalmente, como ha sucedido con el Catecismo de la Iglesia Católica, se limitaría a formular los principios generales, dejando a aplicaciones posteriores el tratar sobre los problemas relacionados con las diversas situaciones locales. (200)
En la doctrina social de la Iglesia ocupa un lugar importante el derecho a un trabajo digno. Por esto, ante las altas tasas de desempleo que afectan a muchos países americanos y ante las duras condiciones en que se encuentran no pocos trabajadores en la industria y en el campo, es necesario valorar el trabajo como dimensión de realización y de dignidad de la persona humana. Es una responsabilidad ética de una sociedad organizada promover y apoyar una cultura del trabajoª. (201)
Globalización de la solidaridad
55. El complejo fenómeno de la globalización, como he recordado más arriba, es una de las características del mundo actual, perceptible especialmente en América. Dentro de esta realidad polifacética, tiene gran importancia el aspecto económico. Con su doctrina social, la Iglesia ofrece una valiosa contribución a la problemática que presenta la actual economía globalizada. Su visión moral en esta materia se apoya en las tres piedras angulares fundamentales de la dignidad humana, la solidaridad y la subsidiariedad ª.(202) La economía globalizada debe ser analizada a la luz de los principios de la justicia social, respetando la opción preferencial por los pobres, que han de ser capacitados para protegerse en una economía globalizada, y ante las exigencias del bien común internacional. En realidad, ´ la doctrina social de la Iglesia es la visión moral que intenta asistir a los gobiernos, a las instituciones y las organizaciones privadas para que configuren un futuro congruente con la dignidad de cada persona. A través de este prisma se pueden valorar las cuestiones que se refieren a la deuda externa de las naciones, a la corrupción política interna y a la discriminación dentro [de la propia nación] y entre las naciones ª. (203)
La Iglesia en América está llamada no sólo a promover una mayor integración entre las naciones, contribuyendo de este modo a crear una verdadera cultura globalizada de la solidaridad, (204) sino también a colaborar con los medios legítimos en la reducción de los efectos negativos de la globalización, como son el dominio de los más fuertes sobre los más débiles, especialmente en el campo económico, y la pérdida de los valores de las culturas locales en favor de una mal entendida homogeneización.
Pecados sociales que claman al cielo
56. A la luz de la doctrina social de la Iglesia se aprecia también, más claramente, la gravedad de ´ los pecados sociales que claman al cielo, porque generan violencia, rompen la paz y la armonía entre las comunidades de una misma nación, entre las naciones y entre las diversas partes del Continente ª. (205) Entre estos pecados se deben recordar, ´ el comercio de drogas, el lavado de las ganancias ilícitas, la corrupción en cualquier ambiente, el terror de la violencia, el armamentismo, la discriminación racial, las desigualdades entre los grupos sociales, la irrazonable destrucción de la naturaleza ª.(206) Estos pecados manifiestan una profunda crisis debido a la pérdida del sentido de Dios y a la ausencia de los principios morales que deben regir la vida de todo hombre. Sin una referencia moral se cae en un afán ilimitado de riqueza y de poder, que ofusca toda visión evangélica de la realidad social.
No pocas veces, esto provoca que algunas instancias públicas se despreocupen de la situación social. Cada vez más, en muchos países americanos impera un sistema conocido como ´ neoliberalismoª; sistema que haciendo referencia a una concepción economicista del hombre, considera las ganancias y las leyes del mercado como parámetros absolutos en detrimento de la dignidad y del respeto de las personas y los pueblos. Dicho sistema se ha convertido, a veces, en una justificación ideológica de algunas actitudes y modos de obrar en el campo social y político, que causan la marginación de los más débiles. De hecho, los pobres son cada vez más numerosos, víctimas de determinadas políticas y de estructuras frecuentemente injustas. (207)
La mejor respuesta, desde el Evangelio, a esta dramática situación es la promoción de la solidaridad y de la paz, que hagan efectivamente realidad la justicia. Para esto se ha de alentar y ayudar a aquellos que son ejemplo de honradez en la administración del erario público y de la justicia. Igualmente se ha de apoyar el proceso de democratización que está en marcha en América, (208) ya que en un sistema democrático son mayores las posibilidades de control que permiten evitar los abusos.
´ El Estado de Derecho es la condición necesaria para establecer una verdadera democraciaª. (209) Para que ésta se pueda desarrollar, se precisa la educación cívica así como la promoción del orden público y de la paz en la convivencia civil. En efecto, ´ no hay una democracia verdadera y estable sin justicia social. Para esto es necesario que la Iglesia preste mayor atención a la formación de la conciencia, prepare dirigentes sociales para la vida publica en todos los niveles, promueva la educación ética, la observancia de la ley y de los derechos humanos y emplee un mayor esfuerzo en la formación ética de la clase política ª.(210)
El fundamento último de los derechos humanos
57. Conviene recordar que el fundamento sobre el que se basan todos los derechos humanos es la dignidad de la persona. En efecto, ´ la mayor obra divina, el hombre, es imagen y semejanza de Dios. Jesús asumió nuestra naturaleza menos el pecado; promovió y defendió la dignidad de toda persona humana sin excepción alguna; murió por la libertad de todos. El Evangelio nos muestra cómo Jesucristo subrayó la centralidad de la persona humana en el orden natural (cf. Lc 12, 22-29), en el orden social y en el orden religioso, incluso respecto a la Ley (cf.Mc 2, 27); defendiendo el hombre y también la mujer(cf. Jn 8, 11) y los niños (cf. Mt 19, 13-15),que en su tiempo y en su cultura ocupaban un lugar secundario en la sociedad. De la dignidad del hombre en cuanto hijo de Dios nacen los derechos humanos y las obligaciones ª. (211) Por esta razón, ´ todo atropello a la dignidad del hombre es atropello al mismo Dios, de quien es imagen ª. (212) Esta dignidad es común a todos los hombres sin excepción, ya que todos han sido creados a imagen de Dios (cf. Gn 1, 26). La respuesta de Jesús a la pregunta ´ ¿Quién es mi prójimo? ª (Lc 10, 29) exige de cada uno una actitud de respeto por la dignidad del otro y de cuidado solícito hacia él, aunque se trate de un extranjero o un enemigo (cf. Lc 10, 30-37). En toda América la conciencia de la necesidad de respetar los derechos humanos ha ido creciendo en estos últimos tiempos, sin embargo todavía queda mucho por hacer, si se consideran las violaciones de los derechos de personas y de grupos sociales que aún se dan en el Continente.
Amor preferencial por los pobres y marginados
58. ´ La Iglesia en América debe encarnar en sus iniciativas pastorales la solidaridad de la Iglesia universal hacia los pobres y marginados de todo género. Su actitud debe incluir la asistencia, promoción, liberación y aceptación fraterna. La Iglesia pretende que no haya en absoluto marginados ª. (213) El recuerdo de los capítulos oscuros de la historia de América relativos a la existencia de la esclavitud y de otras situaciones de discriminación social, ha de suscitar un sincero deseo de conversión que lleve a la reconciliación y a la comunión.
La atención a los más necesitados surge de la opción de amar de manera preferencial a los pobres. Se trata de un amor que no es exclusivo y no puede ser pues interpretado como signo de particularismo o de sectarismo; (214)amando a los pobres el cristiano imita las actitudes del Señor, que en su vida terrena se dedicó consentimientos de compasión a las necesidades de las personas espiritual y materialmente indigentes.
La actividad de la Iglesia en favor de los pobres en todas las partes del Continente es importante; no obstante hay que seguir trabajando para que esta línea de acción pastoral sea cada vez más un camino para el encuentro con Cristo, el cual, siendo rico, por nosotros se hizo pobre a fin de enriquecernos con su pobreza (cf. 2 Co 8, 9).Se debe intensificar y ampliar cuanto se hace ya en este campo, intentando llegar al mayor número posible de pobres. La Sagrada Escritura nos recuerda que Dios escucha el clamor de los pobres (cf. Sal 34 [33],7) y la Iglesia ha de estar atenta al clamor de los más necesitados. Escuchando su voz, ´ la Iglesia debe vivir con los pobres y participar de sus dolores. [...] Debe finalmente testificar por su estilo de vida que sus prioridades, sus palabras y sus acciones, y ella misma está en comunión y solidaridad con ellos ª.(215)
La deuda externa
59. La existencia de una deuda externa que asfixia a muchos pueblos del Continente americano es un problema complejo. Aun sin entrar en sus numerosos aspectos, la Iglesia en su solicitud pastoral no puede ignorar este problema, ya que afecta a la vida de tantas personas. Por eso, diversas Conferencias Episcopales de América, conscientes de su gravedad, han organizado estudios sobre el mismo y publicado documentos para buscar soluciones eficaces. (216) Yo he expresado también varias veces mi preocupación por esta situación, que en algunos casos se ha hecho insostenible. En la perspectiva del ya próximo Gran Jubileo del año 2000 y recordando el sentido social que los Jubileos tenían en el Antiguo Testamento, escribí: ´ Así, en el espíritu del Libro del Levítico (25, 8-12), los cristianos deberán hacerse voz de todos los pobres del mundo, proponiendo el Jubileo como un tiempo oportuno para pensar entre otras cosas en una notable reducción, si no en una total condonación, de la deuda internacional que grava sobre el destino de muchas naciones ª. (217)
Reitero mi deseo, hecho propio por los Padres sinodales, de que el Pontificio Consejo ´ Justicia y Paz ª, junto con otros organismos competentes, como es la sección para las Relaciones con los Estados de la Secretaría de Estado, ´ busque, en el estudio y el diálogo con representantes del Primer Mundo y con responsables del Banco Mundial y del Fondo Monetario Internacional, vías de solución para el problema de la deuda externa y normas que impidan la repetición de tales situaciones con ocasión de futuros préstamos ª. (218) Al nivel más amplio posible, sería oportuno que ´ expertos en economía y cuestiones monetarias, de fama internacional, procedieran a un análisis crítico del orden económico mundial, en sus aspectos positivos y negativos, de modo que se corrija el orden actual, y propongan un sistema y mecanismos capaces de promover el desarrollo integral y solidario de las personas y los pueblos ª.(219)
Cultura de la muerte y sociedad dominada por los poderosos
63. Hoy en América, como en otras partes del mundo, parece perfilarse un modelo de sociedad en laque dominan los poderosos, marginando e incluso eliminando a los débiles. Pienso ahora en los niños no nacidos, víctimas indefensas del aborto; en los ancianos y enfermos incurables, objeto a veces de la eutanasia; y en tantos otros seres humanos marginados por el consumismo y el materialismo. No puedo ignorar el recurso no necesario a la pena de muerte cuando otros ´ medios incruentos bastan para defender y proteger la seguridad de las personas contra el agresor [...] En efecto, hoy, teniendo en cuenta las posibilidades de que dispone el Estado para reprimir eficazmente el crimen dejando inofensivo a quien lo ha cometido, sin quitarle definitivamente la posibilidad de arrepentirse, los casos de absoluta necesidad de eliminar al reo "son ya muy raros, por no decir prácticamente inexistentes" ª.(229) Semejante modelo de sociedad se caracteriza por la cultura de la muerte y, por tanto, en contraste con el mensaje evangélico. Ante esta desoladora realidad, la Comunidad eclesial trata de comprometerse cada vez más en defender la cultura de la vida.
Por ello, los Padres sinodales, haciéndose eco de los recientes documentos del Magisterio de la Iglesia, han subrayado con vigor la incondicionada reverencia y la total entrega a favor de la vida humana desde el momento de la concepción hasta el momento de la muerte natural, y expresan la condena de males como el aborto y la eutanasia. Para mantener estas doctrinas de la ley divina y natural, es esencial promover el conocimiento de la doctrina social de la Iglesia, y comprometerse para que los valores de la vida y de la familia sean reconocidos y defendidos en el ámbito social y en la legislación del Estado. (230) Además de la defensa de la vida, se ha de intensificar, a través de múltiples instituciones pastorales, una activa promoción de las adopciones y una constante asistencia a las mujeres con problemas por su embarazo, tanto antes como después del nacimiento del hijo. Se ha de dedicar además una especial atención pastoral a las mujeres que han padecido o procurado activamente el aborto.(231)
Doy gracias a Dios y manifiesto mi vivo aprecio a los hermanos y hermanas en la fe que en América, unidos a otros cristianos y a innumerables personas de buena voluntad, están comprometidos a defender con los medios legales la vida y a proteger al no nacido, al enfermo incurable y a los discapacitados. Su acción es aún más laudable si se consideran la indiferencia de muchos, las insidias eugenésicas y los atentados contra la vida y la dignidad humana, que diariamente se cometen por todas partes.(232)
Esta misma solicitud se ha de tener con los ancianos, a veces descuidados y abandonados. Ellos deben ser respetados como personas. Es importante poner en práctica para ellos iniciativas de acogida y asistencia que promuevan sus derechos y aseguren, en la medida de lo posible, su bienestar físico y espiritual. Los ancianos deben ser protegidos de las situaciones y presiones que podrían empujarlos al suicidio; en particular han de ser sostenidos contra la tentación del suicidio asistido y de la eutanasia.
Junto con los Pastores del pueblo de Dios en América,
dirijo un llamado a ´ los católicos que trabajan en el
campo médico-sanitario y a quienes ejercen cargos
públicos, así como a los que se dedican a la
enseñanza, para que hagan todo lo posible por defender las
vidas que corren más peligro, actuando con una conciencia
rectamente formada según la doctrina católica. Los
Obispos y los presbíteros tienen, en este sentido, la especial
responsabilidad de dar testimonio incansable en favor del Evangelio
de la vida y de exhortar a los fieles para que actúen en
consecuencia ª. (233) Al mismo tiempo, es preciso que la Iglesia
en América ilumine con oportunas intervenciones la toma de
decisiones de los cuerpos legislativos, animando a los ciudadanos,
tanto a los católicos como a los demás hombres de buena
voluntad, a crear organizaciones para promover buenos proyectos de
ley y así se impidan aquellos otros que amenazan a la familia
y la vida, que son dos realidades inseparables. En nuestros
días hay que tener especialmente presente todo lo que se
refiere a la investigación embrionaria, para que de
ningún modo se vulnere la dignidad humana.
CAPITOLO II - L'INCONTRO CON GESÙ CRISTO NELL'OGGI DELL'AMERICA
Il fenomeno della globalizzazione
20. Caratteristica del mondo contemporaneo è la tendenza alla globalizzazione, fenomeno che, pur non essendo esclusivamente americano, è più percettibile ed ha maggiori ripercussioni in America. Si tratta di un processo che si impone a motivo della maggiore comunicazione delle diverse parti del mondo tra loro, conducendo in pratica al superamento delle distanze, con effetti evidenti in campi molto differenti.
I risvolti dal punto di vista etico possono essere positivi o negativi. C'è in realtà una globalizzazione economica che porta con sé alcune conseguenze positive come il fenomeno della efficienza e l'incremento della produzione e che, con lo sviluppo delle relazioni tra i diversi paesi in ambito economico, può rinforzare il processo di unità dei popoli e rendere migliore il servizio alla famiglia umana. Se però la globalizzazione è retta dalle pure leggi del mercato applicate secondo la convenienza dei potenti, le conseguenze non possono essere che negative. Tali sono, ad esempio, l'attribuzione di un valore assoluto all'economia, la disoccupazione, la diminuzione e il deterioramento di alcuni servizi pubblici, la distruzione dell'ambiente e della natura, l'aumento delle differenze tra ricchi e poveri, la concorrenza ingiusta che pone le Nazioni povere in una situazione di inferiorità sempre più marcata.(55) La Chiesa, sebbene stimi i valori positivi che la globalizzazione comporta, guarda con inquietudine agli aspetti negativi da essa veicolati.
E che dire della globalizzazione culturale prodotta dalla forza dei mezzi di comunicazione sociale? Essi impongono dappertutto nuove scale di valori, sovente arbitrari e nel fondo materialistici, di fronte ai quali è difficile mantenere viva l'adesione ai valori del Vangelo.
Il peso del debito estero
22. I Padri sinodali hanno manifestato preoccupazione per il debito estero che affligge non poche Nazioni americane, esprimendo solidarietà nei loro confronti. Essi richiamano con forza l'attenzione dell'opinione pubblica sulla complessità del tema, riconoscendo che ´ il debito è frequentemente frutto della corruzione e della cattiva amministrazione ª.(59) Nello spirito della riflessione sinodale tale riconoscimento non pretende di concentrare in un solo polo le responsabilità di un fenomeno sommamente complesso nella sua origine e nelle sue soluzioni.(60)
In effetti, tra le cause che hanno contribuito al formarsi di un debito estero schiacciante, vanno segnalati non solo gli elevati interessi, frutto di politiche finanziarie speculative, ma anche l'irresponsabilità di alcuni governanti che, nel contrarre il debito, non hanno riflettuto sufficientemente sulle reali possibilità di estinguerlo, con l'aggravante che somme ingenti ottenute grazie a prestiti internazionali vanno talora ad arricchire persone singole, invece che essere destinate a sostenere i cambiamenti necessari per lo sviluppo del Paese. D'altra parte, sarebbe ingiusto far pesare le conseguenze di tali decisioni irresponsabili su chi non le ha assunte. La gravità della situazione è ancor più comprensibile se si tien conto che ´ già il solo pagamento degli interessi costituisce per l'economia delle Nazioni povere un peso che toglie alle autorità la disponibilità del denaro necessario per lo sviluppo sociale, l'educazione, la sanità e la istituzione di un fondo per creare lavoro ª.
CAPITOLO V - VIA ALLA SOLIDARIETÀ
La dottrina sociale della Chiesa
54. Davanti ai gravi problemi di ordine sociale che, con caratteristiche diverse, sono presenti in tutta l'America, il cattolico sa di poter trovare nella dottrina sociale della Chiesa la risposta da cui partire per individuare le soluzioni concrete. Diffondere tale dottrina costituisce, pertanto, un'autentica priorità pastorale. Perciò è importante ´ che in America gli operatori di evangelizzazione (Vescovi, sacerdoti, insegnanti, animatori pastorali, ecc.) assimilino questo tesoro che è la dottrina sociale della Chiesa e, da essa illuminati, si rendano capaci di leggere la realtà attuale e di cercare delle vie per l'azione ª. (199) A tale proposito, va privilegiata la formazione dei fedeli laici capaci di lavorare, in nome della fede in Cristo, per la trasformazione delle realtà terrene. Inoltre, sarà opportuno promuovere e sostenere lo studio di questa dottrina in tutti gli ambiti delle Chiese particolari in America e, soprattutto, in quello universitario, perché sia conosciuta con maggior profondità ed applicata alla società americana. La complessa realtà sociale di questo Continente è un campo fecondo per l'analisi e l'applicazione dei principi universali di tale dottrina.
Per raggiungere questo obiettivo sarebbe assai utile un compendio o una sintesi autorizzata della dottrina sociale cattolica, compreso un ´ catechismo ª, che mostri la relazione esistente tra di essa e la nuova evangelizzazione. La parte che il Catechismo della Chiesa Cattolica dedica a tale materia, a proposito del settimo comandamento del decalogo, potrebbe costituire il punto di partenza di questo ´ Catechismo di dottrina sociale cattolica ª. Naturalmente, com'è avvenuto per il Catechismo della Chiesa Cattolica, anche questo si limiterebbe a formulare i principi generali, lasciando a successivi sviluppi applicativi la trattazione dei problemi collegati con le diverse situazioni locali. (200)
Nella dottrina sociale della Chiesa occupa un posto importante il diritto a un lavoro dignitoso. Per questo, di fronte agli alti tassi di disoccupazione che affliggono molti Paesi americani e di fronte alle dure condizioni in cui versano non pochi lavoratori nell'industria e nelle campagne, ´ è necessario apprezzare il lavoro come elemento di realizzazione e di dignità della persona umana. E responsabilità etica di una società organizzata promuovere e sostenere una cultura del lavoro ª. (201)
Globalizzazione della solidarietà
55. Il complesso fenomeno della globalizzazione, come ho ricordato in precedenza, è una delle caratteristiche del mondo attuale, particolarmente riscontrabile in America. Entro tale realtà multiforme, grande importanza riveste l'aspetto economico. Con la sua dottrina sociale, la Chiesa offre un valido contributo alla problematica che presenta l'attuale economia globalizzata. La sua visione morale in tale materia ´ poggia sulle tre pietre angolari fondamentali della dignità umana, della solidarietà e della sussidiarietà ª. (202) L'economia globalizzata dev'essere analizzata alla luce dei principi della giustizia sociale, rispettando l'opzione preferenziale per i poveri, che devono esser messi in grado di difendersi in un'economia globalizzata, e le esigenze del bene comune internazionale. In realtà, ´ la dottrina sociale della Chiesa è la visione morale che mira a stimolare i governi, le istituzioni e le organizzazioni private affinché configurino un futuro congruente con la dignità di ogni persona. In questa prospettiva si possono considerare le questioni che si riferiscono al debito estero, alla corruzione politica interna ed alla discriminazione sia all'interno delle Nazioni che tra di loro ª. (203)
La Chiesa in America è chiamata non solo a promuovere una maggiore integrazione tra le Nazioni, contribuendo così a creare un'autentica cultura globalizzata della solidarietà, (204) bensì a collaborare con ogni mezzo legittimo alla riduzione degli effetti negativi della globalizzazione, quali il dominio dei più forti sui più deboli, specialmente in campo economico, e la perdita dei valori delle culture locali in favore di una male intesa omogeneizzazione.
Peccati sociali che gridano al cielo
56. Alla luce della dottrina sociale della Chiesa si valuta più chiaramente anche la gravità dei ´ peccati sociali che gridano al cielo, perché generano violenza, rompono la pace e l'armonia tra le comunità di una stessa Nazione, tra le Nazioni e tra le diverse zone del Continente ª. (205) Tra questi si devono ricordare ´ il commercio di droghe, il riciclaggio di guadagni illeciti, la corruzione in qualunque ambiente, il terrore della violenza, la corsa agli armamenti, la discriminazione razziale, le disuguaglianze tra i gruppi sociali, l'irragionevole distruzione della natura ª. (206) Questi peccati manifestano una profonda crisi dovuta alla perdita del senso di Dio ed all'assenza di quei principi morali che devono guidare la vita di ogni uomo. Senza riferimenti morali si cade nella bramosia illimitata della ricchezza e del potere, che offusca ogni visione evangelica della realtà sociale.
Non di rado, questo porta alcune istanze pubbliche a trascurare la situazione sociale. Sempre più, in molti Paesi americani, domina un sistema noto come ´ neoliberismo ª; sistema che, facendo riferimento ad una concezione economicista dell'uomo, considera il profitto e le leggi del mercato come parametri assoluti a scapito della dignità e del rispetto della persona e del popolo. Tale sistema si è tramutato, talvolta, in giustificazione ideologica di alcuni atteggiamenti e modi di agire in campo sociale e politico, che causano l'emarginazione dei più deboli. Di fatto, i poveri sono sempre più numerosi, vittime di determinate politiche e strutture spesso ingiuste. (207)
La migliore risposta, a partire dal Vangelo, per questa drammatica situazione è la promozione della solidarietà e della pace, in vista dell'effettiva realizzazione della giustizia. A tal fine occorre incoraggiare e aiutare quanti sono esempio di onestà nell'amministrazione delle finanze pubbliche e della giustizia. Come pure occorre appoggiare il processo di democratizzazione in atto in America, (208) poiché in un sistema democratico sono maggiori le possibilità di controllo che permettono di evitare gli abusi.
´ Lo Stato di diritto è la condizione necessaria per stabilire un'autentica democrazia ª. (209) Perché questa si possa sviluppare, è necessaria l'educazione civica e la promozione dell'ordine pubblico e della pace. In effetti, ´ non vi è democrazia autentica e stabile senza giustizia sociale. Per questo è necessario che la Chiesa ponga maggior attenzione alla formazione delle coscienze, prepari dirigenti sociali per la vita pubblica a tutti i livelli, promuova l'educazione civica, l'osservanza della legge e dei diritti umani, ed attui un maggior sforzo per la formazione etica della classe politica ª. (210)
Il fondamento ultimo dei diritti umani
57. E opportuno ricordare che il fondamento su cui poggiano tutti i diritti umani è la dignità della persona. ´ Il capolavoro divino, l'uomo, è immagine e somiglianza di Dio. Gesù ha assunto la nostra natura eccetto il peccato; ha promosso e difeso la dignità di ogni persona umana senza alcuna eccezione; è morto per la libertà di tutti. Il Vangelo ci mostra come Cristo ha esaltato la centralità della persona umana nell'ordine naturale (cfr Lc 12, 22-29), nell'ordine sociale e nell'ordine religioso, anche nei confronti della Legge (cfr Mc 2, 27); difendendo l'uomo ed anche la donna (cfr Gv 8, 11) e i bambini (cfr Mt 19, 13-15), che nel suo tempo e nella sua cultura occupavano un posto secondario nella società. Dalla dignità dell'uomo in quanto figlio di Dio nascono i diritti umani e i relativi doveri ª. (211) Per questa ragione, ´ ogni offesa alla dignità dell'uomo è offesa a Dio stesso, di cui è immagine ª. (212) Tale dignità è comune a tutti gli uomini senza eccezione, poiché tutti sono stati creati ad immagine di Dio (cfr Gn 1, 26). La risposta di Gesù alla domanda ´ Chi è il mio prossimo? ª (Lc 10, 29) esige da ciascuno un atteggiamento di rispetto per la dignità dell'altro e di sollecita cura per lui, si trattasse anche di uno straniero o di un nemico (cfr Lc 10, 30-37). In ogni parte dell'America la consapevolezza che i diritti umani vanno rispettati è andata crescendo in questi ultimi tempi, tuttavia rimane ancora molto da fare, se si considerano le violazioni dei diritti di persone e di gruppi sociali ancora in atto nel Continente.
Amore preferenziale per i poveri e gli emarginati
58. ´ La Chiesa in America deve incarnare nelle sue iniziative pastorali la solidarietà della Chiesa universale verso i poveri e gli emarginati di ogni genere. Il suo atteggiamento deve comprendere l'assistenza, la promozione, la liberazione e l'accoglienza fraterna. L'obiettivo della Chiesa è che non vi sia alcun emarginato ª. (213) Il ricordo dei capitoli oscuri della storia dell'America, concernenti la pratica della schiavitù e altre situazioni di discriminazione sociale, non può non suscitare un sincero desiderio di conversione che conduca alla riconciliazione ed alla comunione.
L'attenzione ai più bisognosi scaturisce dalla scelta di amare in modo preferenziale i poveri. Si tratta di un amore che non è esclusivo e non può essere pertanto interpretato come segno di parzialità o di settarismo; (214) amando i poveri il cristiano segue gli atteggiamenti del Signore, il quale nella sua vita terrena si dedicò con sentimenti di particolare compassione alle necessità delle persone indigenti spiritualmente e materialmente.
L'opera della Chiesa in favore dei poveri in tutte le zone del Continente è importante; si deve però continuare a lavorare perché questa linea di azione pastorale sia sempre più finalizzata all'incontro con Cristo, il quale, da ricco che era, si fece povero per noi al fine di arricchirci per mezzo della sua povertà (cfr 2 Cor 8, 9). Occorre intensificare ed estendere quanto già si va facendo in questo campo, al fine di raggiungere il maggior numero di poveri. La Sacra Scrittura ricorda che Dio ascolta il grido dei poveri (cfr Sal 34 [33], 7) e la Chiesa dev'essere attenta al grido dei più bisognosi. Ascoltando la loro voce, essa ´ deve vivere con i poveri e partecipare dei loro dolori. [...] Col suo stile di vita, le sue priorità, le sue parole e le sue azioni essa deve testimoniare di essere in comunione e in solidarietà con loro ª. (215)
Il debito estero
59. L'esistenza di un debito estero che soffoca non pochi popoli del Continente americano costituisce un problema complesso. Pur senza entrare nei suoi numerosi aspetti, la Chiesa nella sua sollecitudine pastorale non può ignorare tale problema, poiché esso riguarda la vita di tante persone. Per questo, diverse Conferenze Episcopali in America, consapevoli della sua gravità, hanno organizzato in proposito incontri di studio ed hanno pubblicato documenti tesi a indicare soluzioni operative. (216) Anch'io ho espresso più volte la mia preoccupazione per questa situazione, diventata in alcuni casi insostenibile. Nella prospettiva dell'ormai prossimo Grande Giubileo dell'anno 2000 e ricordando il significato sociale che i giubilei rivestivano nell'Antico Testamento, ho scritto: ´ Nello spirito del Libro del Levitico (25, 8-12), i cristiani dovranno farsi voce di tutti i poveri del mondo, proponendo il Giubileo come un tempo opportuno per pensare, tra l'altro, ad una consistente riduzione, se non proprio al totale condono, del debito internazionale, che pesa sul destino di molte nazioni ª. (217)
Ribadisco l'auspicio, fatto proprio dai Padri sinodali, che il Pontificio Consiglio della Giustizia e della Pace, insieme con altri organismi competenti, come la sezione per i rapporti con gli Stati, della Segreteria di Stato, ´ cerchi, nello studio e nel dialogo con rappresentanti del Primo Mondo e con responsabili della Banca Mondiale e del Fondo Monetario Internazionale, vie di soluzione al problema del debito estero e normative che impediscano il ripetersi di simili situazioni in occasione di prestiti futuri ª. (218) Al livello più ampio possibile, sarebbe opportuno che ´ esperti in economia e in questioni monetarie, di fama internazionale, procedessero ad un'analisi critica dell'ordine economico mondiale, nei suoi aspetti positivi e negativi, così da correggere l'ordine attuale, e proponessero un sistema e dei meccanismi in grado di assicurare lo sviluppo integrale e solidale delle persone e dei popoli ª. (219)
Cultura della morte e società dominata dai potenti
63. In America, come in altre parti del mondo, sembra oggi profilarsi un modello di società in cui dominano i potenti, emarginando e persino eliminando i deboli: penso qui ai bambini non nati, vittime indifese dell'aborto; agli anziani ed ai malati incurabili, talora oggetto di eutanasia; ed ai tanti altri esseri umani messi ai margini dal consumismo e dal materialismo. Né posso dimenticare il non necessario ricorso alla pena di morte, quando altri ´ mezzi incruenti sono sufficienti per difendere dall'aggressore e per proteggere la sicurezza delle persone [...]. Oggi, infatti, a seguito delle possibilità di cui lo Stato dispone per reprimere efficacemente il crimine rendendo inoffensivo colui che l'ha commesso, senza togliergli definitivamente la possibilità di redimersi, i casi di assoluta necessità di soppressione del reo "sono ormai molto rari, se non addirittura praticamente inesistenti" ª. (229) Un simile modello di società è improntato alla cultura della morte ed è perciò in contrasto col messaggio evangelico. Dinanzi a tale desolante realtà, la Comunità ecclesiale intende sempre più impegnarsi a difesa della cultura della vita.
In proposito, i Padri sinodali, facendo eco ai recenti documenti del Magistero della Chiesa, hanno ribadito con vigore l'incondizionata venerazione e la totale dedizione in favore della vita umana dal momento del concepimento fino a quello della morte naturale, ed esprimono la condanna di mali come l'aborto e l'eutanasia. Per mantenere questi insegnamenti della legge divina e naturale, è essenziale promuovere la conoscenza della dottrina sociale della Chiesa, ed impegnarsi affinché i valori della vita e della famiglia siano riconosciuti e difesi nel costume sociale e negli ordinamenti dello Stato. (230) Accanto alla tutela della vita, va intensificata, mediante molteplici istituzioni pastorali, un'attiva promozione delle adozioni ed una costante assistenza alle donne con gravidanze problematiche, sia prima che dopo la nascita del figlio. Speciale attenzione pastorale va, inoltre, riservata alle donne che hanno subito o attivamente procurato l'aborto. (231)
Come non rendere grazie a Dio e come non esprimere vivo apprezzamento ai fratelli e sorelle nella fede che in America, uniti ad altri cristiani e ad innumerevoli persone di buona volontà, sono impegnati nel difendere con ogni mezzo legale la vita e nel tutelare il nascituro, il malato incurabile e i disabili? La loro azione è ancor più meritoria se si considerano l'indifferenza di molti, le minacce eugenetiche e gli attentati alla vita e alla dignità umana, che vengono quotidianamente perpetrati dappertutto. (232)
Questa stessa premura va diretta agli anziani, talora trascurati e lasciati in balia di se stessi. Essi vanno rispettati come persone; è importante realizzare per loro iniziative di accoglienza e di assistenza, che promuovano i loro diritti e assicurino per quanto possibile il loro benessere fisico e spirituale. Gli anziani vanno protetti dalle situazioni e pressioni che potrebbero spingerli verso il suicidio; in particolare, essi vanno oggi sostenuti contro la tentazione del suicidio assistito e dell'eutanasia.
Insieme con i Pastori del Popolo di
Dio in America, faccio appello ai ´ cattolici che operano nel
campo medico-sanitario ed a quanti ricoprono cariche pubbliche, come
pure a quanti sono impegnati nell'insegnamento, affinché
facciano tutto il possibile per difendere le vite che corrono maggior
pericolo, agendo con una coscienza rettamente formata secondo la
dottrina cattolica. I Vescovi e i presbiteri hanno, in questo campo,
la speciale responsabilità di dare instancabile testimonianza
a favore del Vangelo della vita e nell'esortare i fedeli ad agire
conseguentemente ª. (233) Al tempo stesso, è
indispensabile che la Chiesa in America illumini con opportuni
interventi l'elaborazione delle decisioni delle assemblee
legislative, stimolando i cittadini, sia i cattolici che le altre
persone di buona volontà, a costituire organizzazioni per
promuovere validi progetti di legge ed opporsi a quanti minacciano la
famiglia e la vita, che sono due realtà inseparabili. Ai
nostri giorni occorre in modo speciale tener presente quanto si
riferisce alla diagnosi prenatale, perché non si leda in
alcuna maniera la dignità umana.
CHAPITRE II - LA RENCONTRE AVEC LE CHRIST DANS L'AMÉRIQUE D'AUJOURD'HUI
Le phénomène de la mondialisation
20. La tendance à la mondialisation, caractéristique du monde contemporain, est un phénomène qui, tout en n'étant pas exclusivement américain, est plus perceptible et a de plus grandes répercussions en Amérique. Il s'agit d'un processus qui s'impose en raison du fait qu'il y a une plus grande communication entre les diverses parties du monde, ce qui abolit pratiquement les distances, avec des effets évidents dans des domaines très différents.
Les conséquences sur le plan éthique peuvent être positives ou négatives. On assiste en réalité à une mondialisation économique qui s'accompagne de certaines conséquences positives comme le phénomène de l'efficacité et de l'accroissement de la productivité, et qui, avec le développement des relations entre les divers pays dans le domaine économique, peut renforcer le processus d'unité entre les peuples et améliorer le service rendu à la famille humaine. Si cependant la mondialisation est régie par les seules lois du marché appliquées selon l'intérêt des puissants, les conséquences ne peuvent être que négatives. Tels sont, par exemple, l'attribution d'une valeur absolue à l'économie, le chômage, la diminution et la détérioration de certains services publics, la destruction de l'environnement et de la nature, l'augmentation des différences entre les riches et les pauvres, la concurrence injuste qui place les nations pauvres dans une situation d'infériorité toujours plus marquée.(55) Bien que l'Église estime les valeurs positives que comporte la mondialisation, elle en considère avec inquiétude les aspects négatifs.
Et que dire de la mondialisation culturelle produite par la puissance des moyens de communication sociale? Ces derniers imposent partout de nouvelles échelles de valeur, souvent arbitraires et au fond matérialistes, face auxquelles il est difficile de maintenir une solide adhésion aux valeurs de l'Évangile
Le poids de la dette extérieure
22. Les Pères synodaux ont manifesté leur préoccupation pour la dette extérieure qui afflige de nombreuses nations américaines, exprimant leur solidarité avec elles. Ils attirent avec force l'attention de l'opinion publique sur la complexité de la question, reconnaissant que ´ la dette est souvent le fruit de la corruption et de la mauvaise administration ª.(59) Dans l'esprit de la réflexion synodale, cette reconnaissance ne prétend pas concentrer sur un seul pôle les responsabilités d'un phénomène extrêmement complexe dans son origine et dans ses solutions.(60)
En effet, parmi les causes qui ont contribué à la formation d'une dette extérieure écrasante, il faut signaler non seulement les intérêts élevés, fruit de politiques financières spéculatives, mais aussi l'irresponsabilité de certains gouvernants qui, en contractant une dette, n'ont pas réfléchi suffisamment aux possibilités réelles de l'éteindre, avec comme circonstance aggravante que des sommes considérables obtenues grâce aux prêts internationaux vont parfois enrichir des individus, au lieu de servir à soutenir les changements nécessaires au développement du pays. D'autre part, il serait injuste de faire peser les conséquences de ces décisions irresponsables sur ceux qui ne les ont pas prises. La gravité de la situation est encore plus compréhensible si l'on tient compte du fait que ´ déjà le seul paiement des intérêts constitue pour l'économie des pays pauvres un poids qui enlève aux autorités la disponibilité de l'argent nécessaire pour le développement social, l'éducation, la santé et l'institution d'un fonds pour créer du travail ª.(61)
CHAPITRE V - ENTRONS DANS LA SOLIDARITÉ
La doctrine sociale de l'Église
54. Face aux graves problèmes d'ordre social qui, avec des caractéristiques diverses, sont présents dans toute l'Amérique, le catholique sait qu'il peut trouver dans la doctrine sociale de l'Église la réponse d'où il faut partir pour découvrir les solutions concrètes. Répandre cette doctrine constitue donc une authentique priorité pastorale. En conséquence, il est important ´ qu'en Amérique les agents de l'évangélisation (Évêques, prêtres, enseignants, animateurs pastoraux, etc...) assimilent ce trésor qu'est la doctrine sociale de l'Église et que, éclairés par elle, ils deviennent capables de lire la réalité actuelle et de chercher des chemins pour l'action ª. (199) À ce propos, la formation des fidèles laïcs capables de travailler, au nom de leur foi au Christ, à la transformation des réalités terrestres, doit être privilégiée. De plus, il sera opportun de promouvoir et de soutenir l'étude de cette doctrine dans toutes les sphères des Églises particulières en Amérique, surtout dans le domaine universitaire, pour qu'elle soit connue avec une plus grande profondeur et appliquée à la société américaine. La réalité sociale complexe de ce continent est un terrain fécond pour l'analyse et pour l'application des principes universels de cette doctrine.
Pour atteindre cet objectif, un résumé ou une synthèse autorisée de la doctrine sociale catholique, éventuellement sous forme de ´ catéchisme ª, qui montre la relation existant entre cette doctrine et la nouvelle évangélisation, serait très utile. La partie que le Catéchisme de l'Église catholique consacre à cette matière, à propos du septième commandement du décalogue, pourrait constituer le point de départ de ce ´ catéchisme de la doctrine sociale catholique ª. Naturellement, comme l'a fait le Catéchisme de l'Église catholique, cette synthèse se limiterait à formuler les principes généraux, laissant à des développements ultérieurs en vue de la mise en pratique le soin d'étudier les problèmes liés aux diverses situations locales. (200)
Dans la doctrine sociale de l'Église, le droit à un travail digne occupe une place importante. C'est pourquoi, face au taux élevé de chômage qui affecte de nombreux pays américains et aux dures conditions dans lesquelles se trouvent beaucoup de travailleurs dans l'industrie et dans les campagnes, ´ il est nécessaire de considérer le travail comme un élément de la réalisation et de la dignité de la personne humaine. C'est une responsabilité éthique pour une société organisée de promouvoir et de soutenir une culture du travail ª. (201)
Mondialisation de la solidarité
55. Le phénomène complexe de la mondialisation, comme je l'ai rappelé précédemment, est l'une des caractéristiques du monde actuel que l'on trouve particulièrement en Amérique. Dans cette réalité multiforme, l'aspect économique revêt une grande importance. Par sa doctrine sociale, l'Église offre une contribution valable à la problématique de l'économie actuelle mondialisée. Sa position morale en cette matière ´ s'appuie sur les trois pierres angulaires fondamentales de la dignité humaine, de la solidarité et de la subsidiarité ª. (202) L'économie mondialisée doit être analysée à la lumière des principes de la justice sociale, en respectant l'option préférentielle pour les pauvres, qui doivent être mis en mesure de se défendre dans une économie mondialisée, et les exigences du bien commun international. En réalité, ´ la doctrine sociale de l'Église est la position morale qui vise à stimuler les gouvernements, les institutions et les organisations privées, afin qu'ils préparent un avenir conforme à la dignité de toute personne. Dans cette perspective, on peut envisager les questions qui se rapportent à la dette extérieure, à la corruption politique intérieure et à la discrimination aussi bien à l'intérieur des nations qu'entre elles ª. (203)
L'Église en Amérique est appelée non seulement à promouvoir une plus grande union entre les nations, contribuant ainsi à créer une authentique culture mondialisée de la solidarité, (204) mais encore à collaborer par tous les moyens légitimes à la réduction des effets négatifs de la mondialisation, tels que la domination des plus forts sur les plus faibles, spécialement dans le domaine économique, et la perte des valeurs des cultures locales en faveur d'une uniformisation mal comprise.
Péchés sociaux qui crient vers le ciel
56. À la lumière de la doctrine sociale de l'Église, on évalue aussi plus clairement la gravité des ´ péchés sociaux qui crient vers le ciel, parce qu'ils engendrent la violence, brisent la paix et l'harmonie entre les communautés d'un même pays, entre les pays et entre les diverses régions du continent ª. (205) Parmi eux on doit rappeler ´ le commerce de la drogue, le recyclage des bénéfices illicites, la corruption dans quelque domaine que ce soit, la violence terroriste, la course aux armements, la discrimination raciale, les inégalités entre les groupes sociaux, la destruction irraisonnée de la nature ª. (206) Ces péchés manifestent une crise profonde due à la perte du sens de Dieu et à l'absence des principes moraux qui doivent guider la vie de tout homme. Sans références morales, on tombe dans la soif illimitée de la richesse et du pouvoir, qui obscurcit toute vision évangélique de la réalité sociale.
Assez souvent, cela conduit certaines instances publiques à négliger la situation sociale. Dans de nombreux pays américains domine toujours plus un système connu comme ´ néolibéralisme ª; ce système, faisant référence à une conception économique de l'homme, considère le profit et les lois du marché comme des paramètres absolus au détriment de la dignité et du respect de la personne et du peuple. Il a parfois évolué vers une justification idéologique de certaines attitudes et de certaines façons de faire dans le domaine social et politique qui provoquent l'exclusion des plus faibles. En réalité, les pauvres sont toujours plus nombreux, victimes de politiques déterminées et de structures souvent injustes. (207)
La meilleure réponse à cette situation dramatique, en partant de l'Évangile, est la promotion de la solidarité et de la paix, en vue de la réalisation effective de la justice. À cette fin, il faut encourager et aider ceux qui sont des exemples d'honnêteté dans l'administration des finances publiques et de la justice. De même, il faut aussi appuyer le processus de démocratisation en cours en Amérique, (208) car dans un système démocratique les possibilités de contrôle sont plus grandes pour permettre d'éviter les abus.
´ L'État de droit est la condition nécessaire pour établir une authentique démocratie ª. (209) Pour que celle-ci puisse se développer, l'éducation civique et la promotion de l'ordre public et de la paix sont indispensables. En effet, ´ il n'y a pas de démocratie authentique et stable sans justice sociale. C'est pourquoi il faut que l'Église porte une plus grande attention à la formation des consciences, qu'elle prépare des dirigeants sociaux pour la vie publique à tous les niveaux, qu'elle encourage l'éducation civique, l'observance de la loi et des droits humains, et qu'elle fasse un plus grand effort pour la formation éthique de la classe politique ª. (210)
Le fondement ultime des droits humains
57. Il convient de rappeler que le fondement sur lequel s'appuient tous les droits humains est la dignité de la personne. ´ Le chef-d'uvre divin, l'homme, est image et ressemblance de Dieu. Jésus a assumé notre nature à l'exception du péché; il a promu et défendu la dignité de toute personne humaine sans exception; il est mort pour la liberté de tous. L'Évangile nous montre que le Christ a exalté la place centrale de la personne humaine dans l'ordre naturel (cf. Lc 12, 22-29), dans l'ordre social et dans l'ordre religieux, ainsi que par rapport à la Loi (cf. Mc 2, 27), défendant l'homme et aussi la femme (cf. Jn 8, 11) et les enfants (cf. Mt 19, 13-15), qui, de son temps et dans sa culture, occupaient une place secondaire à l'intérieur de la société. Les droits humains et les devoirs inhérents proviennent de la dignité de l'homme en tant que fils de Dieu ª. (211) Pour cette raison, ´ toute offense à la dignité de l'homme est une offense à Dieu lui-même, dont il est l'image ª. (212) Cette dignité est commune à tous les hommes sans exception, car tous ont été créés à l'image de Dieu (cf. Gn 1, 26). La réponse de Jésus à la question ´ qui est mon prochain? ª (Lc 10, 29) exige de chacun une attitude de respect pour la dignité de l'autre et de sollicitude attentive à son égard, même s'il s'agit d'un étranger ou d'un ennemi (cf. Lc 10, 30-37). Dans l'ensemble de l'Amérique, depuis quelque temps on a de plus en plus conscience que les droits humains doivent être respectés, mais il reste encore beaucoup à faire si l'on considère les violations des droits des personnes et des groupes sociaux encore en cours sur le continent.
L'amour préférentiel pour les pauvres et les exclus
58. ´ L'Église en Amérique doit incarner dans ses initiatives pastorales la solidarité de l'Église universelle envers les pauvres et les exclus de toute sorte. Son attitude doit inclure l'assistance, la promotion, la libération et l'accueil fraternel. L'objectif de l'Église est qu'il n'y ait aucun exclus ª. (213) Le souvenir des sombres chapitres de l'histoire de l'Amérique, concernant la pratique de l'esclavage et d'autres situations de discrimination sociale, ne peut pas ne pas susciter un désir sincère de conversion qui conduise à la réconciliation et à la communion.
L'attention aux plus nécessiteux découle du choix d'aimer les pauvres de manière préférentielle. Il s'agit d'un amour qui n'est pas exclusif et qui ne peut donc pas être interprété comme un signe de partialité ou de sectarisme; (214) en aimant les pauvres, le chrétien se conforme à l'attitude du Seigneur, qui, durant sa vie terrestre, s'est consacré aux besoins des personnes pauvres spirituellement et matériellement, avec des sentiments de compassion particulière.
L'uvre de l'Église en faveur des pauvres dans toutes les régions du continent est importante; on doit cependant continuer à travailler pour que cette ligne d'action pastorale soit toujours plus orientée vers la rencontre avec le Christ, qui, de riche qu'il était, s'est fait pauvre pour nous afin de nous enrichir par sa pauvreté (cf. 2 Co 8, 9). Il faut intensifier et étendre ce qui se fait déjà dans ce domaine, afin d'atteindre le plus grand nombre possible de pauvres. La Sainte Écriture rappelle que Dieu écoute le cri des pauvres (cf. Ps 34 [33], 7), et l'Église doit être attentive au cri des plus nécessiteux. Écoutant leur voix, ´ elle doit vivre avec les pauvres et participer à leurs souffrances. [...] Par son style de vie, ses priorités, ses paroles et ses actes, elle doit témoigner qu'elle est en communion et en solidarité avec eux ª. (215)
La dette extérieure
59. L'existence d'une dette extérieure qui étouffe beaucoup de peuples du continent américain constitue un problème complexe. Sans pour autant entrer dans ses nombreux aspects, l'Église, dans sa sollicitude pastorale, ne peut pas ignorer ce problème, car il concerne la vie d'un grand nombre de personnes. C'est pourquoi diverses Conférences épiscopales en Amérique, conscientes de la gravité de cette question, ont organisé à ce sujet des rencontres d'étude et ont publié des documents visant à proposer des solutions concrètes. (216) Moi-même, j'ai exprimé plusieurs fois ma préoccupation face à cette situation, devenue en certains cas insoutenable. Dans la perspective du grand Jubilé de l'An 2000, maintenant tout proche, et me souvenant de la signification sociale que les jubilés revêtaient dans l'Ancien Testament, j'ai écrit: ´ Dans l'esprit du Livre du Lévitique (25, 8-12), les chrétiens devront se faire la voix de tous les pauvres du monde, proposant que le Jubilé soit un moment favorable pour penser, entre autres, à une réduction importante, sinon à un effacement total, de la dette internationale qui pèse sur le destin de nombreuses nations ª. (217)
J'exprime à nouveau le souhait, repris par le Synode, que le Conseil pontifical ´ Justice et Paix ª, avec d'autres organismes compétents comme la Section pour les Relations avec les États de la Secrétairerie d'État, ´ cherche, par l'étude et le dialogue avec des représentants du Premier Monde et avec des responsables de la Banque mondiale et du Fonds monétaire international, des voies de solution au problème de la dette extérieure ainsi que des normes qui empêchent que de telles situations se reproduisent à l'occasion de futurs emprunts ª. (218) Au niveau le plus large possible, il serait opportun que ´ des experts en économie et en questions monétaires, de renommée internationale, procèdent à une analyse critique de l'ordre économique mondial, dans ses aspects positifs et négatifs, pour corriger l'ordre actuel et proposer un système et des mécanismes en mesure d'assurer le développement intégral et solidaire des personnes et des peuples ª. (219)
Culture de mort et société dominée par les puissants
63. En Amérique, comme en d'autres parties du monde, un modèle de société où dominent les puissants, excluant et même éliminant les faibles, semble aujourd'hui se profiler: je pense ici aux enfants non nés, victimes sans défense de l'avortement; aux personnes âgées et aux malades incurables, parfois objet d'euthanasie; et à tant d'autres êtres humains mis en marge par la société de consommation et par le matérialisme. Et je ne puis oublier le recours non nécessaire à la peine de mort, lorsque d'autres ´ moyens non sanglants suffisent à défendre et à protéger la sécurité des personnes contre l'agresseur. [...] Aujourd'hui, en effet, étant donné les possibilités dont l'État dispose pour réprimer efficacement le crime en rendant incapable de nuire celui qui l'a commis, sans lui enlever définitivement la possibilité de se repentir, les cas d'absolue nécessité de supprimer le coupable "sont désormais assez rares, sinon même pratiquement inexistants" ª. (229) Un tel modèle de société porte l'empreinte de la culture de mort et est donc opposé au message évangélique. Face à cette désolante réalité, la communauté ecclésiale entend s'engager toujours plus à défendre la culture de la vie.
À ce sujet, les Pères synodaux, se faisant l'écho des récents documents du Magistère de l'Église, ont réaffirmé avec vigueur leur respect inconditionnel et leur total attachement envers la vie humaine depuis le moment de la conception jusqu'à celui de la mort naturelle, et ils ont prononcé la condamnation de maux comme l'avortement et l'euthanasie. Pour maintenir ces enseignements de la loi divine et naturelle, il est essentiel de promouvoir la connaissance de la doctrine sociale de l'Église et de s'employer à ce que les valeurs de la vie et de la famille soient reconnues et défendues dans les murs et dans les normes juridiques des États. (230) En plus de la sauvegarde de la vie, on doit intensifier, grâce à de multiples institutions pastorales, une promotion active de l'adoption et une assistance constante aux femmes ayant une grossesse problématique, aussi bien avant qu'après la naissance de leur enfant. Une attention pastorale spéciale doit aussi être portée aux femmes qui ont subi ou procuré activement l'avortement. (231)
Comment ne pas rendre grâce à Dieu et ne pas exprimer des sentiments de vive appréciation à nos frères et surs dans la foi qui, en Amérique, avec d'autres chrétiens et d'innombrables personnes de bonne volonté, sont engagés, par tous les moyens légaux, dans la défense de la vie et dans la sauvegarde de l'enfant à naître, du malade incurable et des personnes handicapées? Leur action est encore plus méritoire si l'on considère l'indifférence de beaucoup, les menaces d'eugénisme et les attentats contre la vie et la dignité humaine, qui sont quotidiennement perpétrés partout. (232)
Ces mêmes égards sont dus aux personnes âgées, parfois oubliées et livrées à elles-mêmes. Elles doivent être respectées comme des personnes; il est important de prendre pour elles des initiatives d'accueil et d'assistance, qui promeuvent leurs droits et leur assurent, autant que possible, le bien-être physique et spirituel. Les personnes âgées doivent être protégées des situations et des pressions qui pourraient les pousser au suicide; en particulier, elles doivent être soutenues contre la tentation du suicide assisté et de l'euthanasie.
Avec les Pasteurs du peuple de Dieu
en Amérique, je fais appel aux ´ catholiques qui
travaillent dans le domaine médical et sanitaire et à
ceux qui occupent des charges publiques, comme à ceux qui sont
engagés dans l'enseignement, afin qu'ils fassent tout leur
possible pour défendre la vie de ceux qui courent un plus
grand danger, en agissant avec une conscience formée d'une
manière droite selon la doctrine catholique. Les
Évêques et les prêtres ont, dans ce domaine, la
responsabilité spéciale de donner un témoignage
inlassable en faveur de l'Évangile de la vie et d'exhorter les
fidèles à agir en conséquence ª. (233) En
même temps, il est indispensable que l'Église en
Amérique éclaire, par des interventions opportunes,
l'élaboration des décisions des assemblées
législatives, en stimulant les citoyens, aussi bien les
catholiques que les autres personnes de bonne volonté,
à constituer des organisations pour promouvoir des projets de
loi valables et s'opposer à ceux qui menacent la famille et la
vie, deux réalités inséparables. De nos jours,
il faut tenir compte de façon spéciale de ce qui se
rapporte au diagnostic prénatal, pour qu'il ne lèse en
aucune manière la dignité humaine.
CHAPTER II - ENCOUNTERING JESUS CHRIST IN AMERICA TODAY
The phenomenon of globalization
20. A feature of the contemporary world is the tendency towards globalization, a phenomenon which, although not exclusively American, is more obvious and has greater repercussions in America. It is a process made inevitable by increasing communication between the different parts of the world, leading in practice to overcoming distances, with evident effects in widely different fields.
The ethical implications can be positive or negative. There is an economic globalization which brings some positive consequences, such as efficiency and increased production and which, with the development of economic links between the different countries, can help to bring greater unity among peoples and make possible a better service to the human family. However, if globalization is ruled merely by the laws of the market applied to suit the powerful, the consequences cannot but be negative. These are, for example, the absolutizing of the economy, unemployment, the reduction and deterioration of public services, the destruction of the environment and natural resources, the growing distance between rich and poor, unfair competition which puts the poor nations in a situation of ever increasing inferiority.(55) While acknowledging the positive values which come with globalization, the Church considers with concern the negative aspects which follow in its wake.
And what should we say about the cultural globalization produced by the power of the media? Everywhere the media impose new scales of values which are often arbitrary and basically materialistic, in the face of which it is difficult to maintain a lively commitment to the values of the Gospel.
The burden of external debt
22. The Synod Fathers voiced concern about the external debt afflicting many American nations and expressed solidarity with them. They were consistent in reminding public opinion of the complexity of this issue, acknowledging that "the debt is often the result of corruption and poor administration".(59) In keeping with the spirit of the Synod's deliberations, such an acknowledgment does not mean to place on one side all the blame for a phenomenon which is extremely complex in its origin and in the solutions which it demands.(60)
Among the causes which have helped to create massive external debt are not only high interest rates, caused by speculative financial policies, but also the irresponsibility of people in government who, in incurring debt, have given too little thought to the real possibility of repaying it. This has been aggravated by the fact that huge sums obtained through international loans sometimes go to enrich individuals instead of being used to pay for the changes needed for the country's development. At the same time, it would be unjust to impose the burden resulting from these irresponsible decisions upon those who did not make them. The gravity of the situation is all the more evident when we consider that "even the payment of interest alone represents a burden for the economy of poor nations, which deprives the authorities of the money necessary for social development, education, health and the establishment of a fund to create jobs".(61)
CHAPTER V - THE PATH TO SOLIDARITY
The Church's social doctrine
54. Faced with the grave social problems which, with different characteristics, are present throughout America, Catholics know that they can find in the Church's social doctrine an answer which serves as a starting-point in the search for practical solutions. Spreading this doctrine is an authentic pastoral priority. It is therefore important "that in America the agents of evangelization (Bishops, priests, teachers, pastoral workers, etc.) make their own this treasure which is the Church's social teaching and, inspired by it, become capable of interpreting the present situation and determine the actions to take". (199) In this regard, special care must be taken to train lay persons capable of working, on the basis of their faith in Christ, to transform earthly realities. In addition, it will help to promote and support the study of this doctrine in every area of the life of the particular Churches in America, especially in the universities, so that it may be more deeply known and applied to American society. The complex social reality of the continent is a fruitful field for the analysis and application of the universal principles contained in this doctrine.
To this end, it would be very useful to have a compendium or approved synthesis of Catholic social doctrine, including a "Catechism", which would show the connection between it and the new evangelization. The part which the Catechism of the Catholic Church devotes to this material, in its treatment of the seventh commandment of the Decalogue, could serve as the starting-point for such a "Catechism of Catholic Social Doctrine". Naturally, as in the case of the Catechism of the Catholic Church, such a synthesis would only formulate general principles, leaving their application to further treatment of the specific issues bound up with the different local situations. (200)
An important place in the Church's social doctrine belongs to the right to dignified labor. Consequently, given the high rates of unemployment found in numerous countries in America and the harsh conditions in which many industrial and rural workers find themselves, "it is necessary to value work as a factor of the fulfillment and dignity of the human person. It is the ethical responsibility of an organized society to promote and support a culture of work". (201)
The globalization of solidarity
55. As I mentioned earlier, the complex phenomenon of globalization is one of the features of the contemporary world particularly visible in America. An important part of this many-faceted reality is the economic aspect. By her social doctrine the Church makes an effective contribution to the issues presented by the current globalized economy. Her moral vision in this area "rests on the threefold cornerstone of human dignity, solidarity and subsidiarity". (202) The globalized economy must be analyzed in the light of the principles of social justice, respecting the preferential option for the poor who must be allowed to take their place in such an economy, and the requirements of the international common good. For "the Church's social doctrine is a moral vision which aims to encourage governments, institutions and private organizations to shape a future consonant with the dignity of every person. Within this perspective it is possible to examine questions of external debt, internal political corruption and discrimination both within and between nations". (203)
The Church in America is called not only to promote greater integration between nations, thus helping to create an authentic globalized culture of solidarity, (204) but also to cooperate with every legitimate means in reducing the negative effects of globalization, such as the domination of the powerful over the weak, especially in the economic sphere, and the loss of the values of local cultures in favor of a misconstrued homogenization.
Social sins which cry to heaven
56. The Church's social doctrine also makes possible a clearer appreciation of the gravity of the "social sins which cry to heaven because they generate violence, disrupt peace and harmony between communities within single nations, between nations and between the different regions of the continent". (205) Among these must be mentioned: "the drug trade, the recycling of illicit funds, corruption at every level, the terror of violence, the arms race, racial discrimination, inequality between social groups and the irrational destruction of nature". (206) These sins are the sign of a deep crisis caused by the loss of a sense of God and the absence of those moral principles which should guide the life of every person. In the absence of moral points of reference, an unbridled greed for wealth and power takes over, obscuring any Gospel-based vision of social reality.
Not infrequently, this leads some public institutions to ignore the actual social climate. More and more, in many countries of America, a system known as "neoliberalism" prevails; based on a purely economic conception of man, this system considers profit and the law of the market as its only parameters, to the detriment of the dignity of and the respect due to individuals and peoples. At times this system has become the ideological justification for certain attitudes and behavior in the social and political spheres leading to the neglect of the weaker members of society. Indeed, the poor are becoming ever more numerous, victims of specific policies and structures which are often unjust. (207)
On the basis of the Gospel, the best response to this tragic situation is the promotion of solidarity and peace, with a view to achieving real justice. For this to happen, encouragement and support must be given to all those who are examples of honesty in the administration of public finances and of justice. So too there is a need to support the process of democratization presently taking place in America, (208) since a democratic system provides greater control over potential abuses.
"The rule of law is the necessary condition for the establishment of an authentic democracy". (209) For democracy to develop, there is a need for civic education and the promotion of public order and peace. In effect, "there is no authentic and stable democracy without social justice. Thus the Church needs to pay greater attention to the formation of consciences, which will prepare the leaders of society for public life at all levels, promote civic education, respect for law and for human rights, and inspire greater efforts in the ethical training of political leaders". (210)
The ultimate foundation of human rights
57. It is appropriate to recall that the foundation on which all human rights rest is the dignity of the person. "God's masterpiece, man, is made in the divine image and likeness. Jesus took on our human nature, except for sin; he advanced and defended the dignity of every human person, without exception; he died that all might be free. The Gospel shows us how Christ insisted on the centrality of the human person in the natural order (cf. Lk 12:22-29) and in the social and religious orders, even against the claims of the Law (cf. Mk 2:27): defending men, women (cf. Jn 8:11) and even children (cf. Mt 19:13-15), who in his time and culture occupied an inferior place in society. The human being's dignity as a child of God is the source of human rights and of corresponding duties". (211) For this reason, "every offense against the dignity of man is an offense against God himself, in whose image man is made". (212) This dignity is common to all, without exception, since all have been created in the image of God (cf. Gen 1:26). Jesus' answer to the question "Who is my neighbor?" (Lk 10:29) demands of each individual an attitude of respect for the dignity of others and of real concern for them, even if they are strangers or enemies (cf. Lk 10:30-37). In all parts of America the awareness that human rights must be respected has increased in recent times, yet much still remains to be done, if we consider the violations of the rights of persons and groups still taking place on the continent.
Preferential love for the poor and the outcast
58. "The Church in America must incarnate in her pastoral initiatives the solidarity of the universal Church towards the poor and the outcast of every kind. Her attitude needs to be one of assistance, promotion, liberation and fraternal openness. The goal of the Church is to ensure that no one is marginalized". (213) The memory of the dark chapters of America's history, involving the practice of slavery and other situations of social discrimination, must awaken a sincere desire for conversion leading to reconciliation and communion.
Concern for those most in need springs from a decision to love the poor in a special manner. This is a love which is not exclusive and thus cannot be interpreted as a sign of partiality or sectarianism; (214) in loving the poor the Christian imitates the attitude of the Lord, who during his earthly life devoted himself with special compassion to all those in spiritual and material need.
The Church's work on behalf of the poor in every part of America is important; yet efforts are still needed to make this line of pastoral activity increasingly directed to an encounter with Christ who, though rich, made himself poor for our sakes, that he might enrich us by his poverty (cf. 2 Cor 8:9). There is a need to intensify and broaden what is already being done in this area, with the goal of reaching as many of the poor as possible. Sacred Scripture reminds us that God hears the cry of the poor (cf. Ps 34:7) and the Church must heed the cry of those most in need. Hearing their voice, "she must live with the poor and share their distress. By her lifestyle her priorities, her words and her actions, she must testify that she is in communion and solidarity with them". (215)
Foreign debt
59. The existence of a foreign debt which is suffocating quite a few countries of the American continent represents a complex problem. While not entering into its many aspects, the Church in her pastoral concern cannot ignore this difficult situation, since it touches the life of so many people. For this reason, different Episcopal Conferences in America, conscious of the gravity of the question, have organized study meetings on the subject and have published documents aimed at pointing out workable solutions. (216) I too have frequently expressed my concern about this situation, which in some cases has become unbearable. In light of the imminent Great Jubilee of the Year 2000, and recalling the social significance that Jubilees had in the Old Testament, I wrote: "In the spirit of the Book of Leviticus (25:8-12), Christians will have to raise their voice on behalf of all the poor of the world, proposing the Jubilee as an appropriate time to give thought, among other things, to reducing substantially, if not cancelling outright, the international debt which seriously threatens the future of many nations". (217)
Once more I express the hope, which the Synod Fathers made their own, that the Pontifical Council for Justice and Peace together with other competent agencies, such as the Section for Relations with States of the Secretariat of State, "through study and dialogue with representatives of the First World and with the leaders of the World Bank and the International Monetary Fund, will seek ways of resolving the problem of the foreign debt and produce guidelines that would prevent similar situations from recurring on the occasion of future loans". (218) On the broadest level possible, it would be helpful if "internationally known experts in economics and monetary questions would undertake a critical analysis of the world economic order, in its positive and negative aspects, so as to correct the present order, and that they would propose a system and mechanisms capable of ensuring an integral and concerted development of individuals and peoples". (219)
The culture of death and a society dominated by the powerful
63. Nowadays, in America as elsewhere in the world, a model of society appears to be emerging in which the powerful predominate, setting aside and even eliminating the powerless: I am thinking here of unborn children, helpless victims of abortion; the elderly and incurably ill, subjected at times to euthanasia; and the many other people relegated to the margins of society by consumerism and materialism. Nor can I fail to mention the unnecessary recourse to the death penalty when other "bloodless means are sufficient to defend human lives against an aggressor and to protect public order and the safety of persons. Today, given the means at the State's disposal to deal with crime and control those who commit it, without abandoning all hope of their redemption, the cases where it is absolutely necessary to do away with an offender 'are now very rare, even non-existent practically'". (229) This model of society bears the stamp of the culture of death, and is therefore in opposition to the Gospel message. Faced with this distressing reality, the Church community intends to commit itself all the more to the defense of the culture of life.
In this regard, the Synod Fathers, echoing recent documents of the Church's Magisterium, forcefully restated their unconditional respect for and total dedication to human life from the moment of conception to that of natural death, and their condemnation of evils like abortion and euthanasia. If the teachings of the divine and natural law are to be upheld, it is essential to promote knowledge of the Church's social doctrine and to work so that the values of life and family are recognized and defended in social customs and in State ordinances. (230) As well as protecting life, greater efforts should be made, through a variety of pastoral initiatives, to promote adoptions and to provide continuing assistance to women with problem pregnancies, both before and after the birth of the child. Special pastoral attention must also be given to women who have undergone or actively procured an abortion. (231)
How can we fail to thank God and express genuine appreciation to our brothers and sisters in the faith throughout America who are committed, along with other Christians and countless individuals of good will, to defending life by every legal means and to protecting the unborn, the incurably ill and the handicapped? Their work is all the more praiseworthy if we consider the indifference of so many people, the threats posed by eugenics and the assaults on life and human dignity perpetrated everywhere each day. (232)
This same concern must be shown to the elderly, who are often neglected and left to fend for themselves. They must be respected as persons; it is important to care for them and to help them in ways which will promote their rights and ensure their greatest possible physical and spiritual well-being. The elderly must be protected from situations or pressures which could drive them to suicide; in particular they must be helped nowadays to resist the temptation of assisted suicide and euthanasia.
Together with the Pastors of the People of God in America, I appeal to "Catholics working in the field of medicine and health care, to those holding public office or engaged in teaching, to make every effort to defend those lives most at risk, and to act with a conscience correctly formed in accordance with Catholic doctrine. Here Bishops and priests have a special responsibility to bear tireless witness to the Gospel of life and to exhort the faithful to act accordingly". (233) At the same time, it is essential for the Church in America to take appropriate measures to influence the deliberations of legislative assemblies, encouraging citizens, both Catholics and other people of good will, to establish organizations to propose workable legislation and to resist measures which endanger the two inseparable realities of life and the family. Nowadays there is a special need to pay attention to questions related to prenatal diagnosis, in order to avoid any violation of human dignity.