Trata-se de um forte apelo a toda a família dehoniana, tendo em vista os três grandes encontros deste ano: a Conferência geral sobre o tema da economia e o Reino de Deus, em maio; o encontro internacional de jovens, em agosto, e o encontro da Família Dehoniana, em outubro. Os cadernos de “Dehoniana” deste ano não podem ignorar estes fatos.
No momento limitamo-nos a apresentar este número, dedicado por inteiro ao tema da partilha do carisma entre religiosos e leigos e a descrever algumas experiências vividas por indivíduos e grupos.
O caderno começa com uma reflexão sobre a espiritualidade contemplativa e encarnada de nosso Fundador. Trata-se de um escrito anônimo, bem trabalhado, e que é distribuído desde há algum tempo aos que vão visitar sua sepultura, em São Quintino, como se fosse um testamento seu, um convite a acolher com alegria a graça de sua presença e de seu carisma.
Continua-se com outro tema de espiritualidade, “O Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação”. É um discurso pronunciado por João Paulo II em sua visita à Polônia. É um tema caro a nós dehonianos.
Em seguida, temos alguns artigos sobre os leigos, seu relacionamento com os religiosos e a maneira de partilhar os carismas.
Passa-se então a falar de nosso relacionamento com os leigos e da partilha de nosso carisma.
A primeira experiência neste campo remonta ao tempo de Pe. Dehon que fundou a Associação Reparadora para estender sua mensagem ao clero diocesano e aos leigos. Levada a outros países, a associação ganhou outros contornos. A partir de 1990, seus membros decidiram estreitar os vínculos com a Congregação SCJ inserindo-se no âmbito da Família Dehoniana.
A situação da época é bem conhecida. Havia já diversas experiências de partilha entre religiosos e leigos, seja através de grupos de ex-alunos ou pequenos grupos nascidos ao redor das paróquias ou de alguma obra da Congregação e iniciativas mais profundos como a Companhia Missionária, fundada em Bolonha. Agora, partindo da teologia conciliar, sobre Igreja-comunhão, estes grupos e movimentos passaram a compreender cada vez mais a necessidade de uma comunhão entre eles e a fonte da qual haurem sua espiritualidade. Desta forma chegou-se a constituir a Família Dehoniana.
Trata-se, na prática, de uma “comunhão de vocações diferentes ao redor do mesmo carisma”, o carisma de Pe. Dehon.
Temos, então, cristãos e grupos de cristãos, que se deparam com a mensagem e o testemunho de p. Dehon e descobrem o tesouro de horizontes novos e um novo estímulo para sua vida de fé e para seu apostolado. Temos ainda outros, que pelo mesmo motivo, sentem-se chamados a uma consagração mais profunda ao Coração de Jesus e ao serviço do Reino, através de uma vocação missionária, religiosa ou sacerdotal. Neste contexto, é diverso o ministério que cada um sente-se chamado a desenvolver: a oração, o testemunho, o anúncio do evangelho, a promoção dos pobres e últimos.
Cada grupo tem características próprias e diferenciadas, seja na espiritualidade, seja nos objetivos.
Bastante típico é o caso da província americana na qual os diversos grupos estão unidos sob a bandeira da “Comissão dos Afiliados Dehonianos” que reúne movimentos diversos como os “SCJ Lay Missioners”, os grupos chamados “SCJ Mission Education” e a “Family Association” .
Também na Itália há diversidade de grupos: temos os “Laici Dehoniani”, os grupos da “Famiglia Agape”, os “Ausiliari dehoniani”, e o movimento “Sint Unum”, etc., além de grupos de verdadeira vida consagrada laical e religiosa.
A situação destas e de outras Províncias é muito variada sendo inviável unificar todos estes grupos num só movimento. Perder-se-ia sua originalidade.
Numa Igreja que, por definição, é “mistério de comunhão”, cada parte dela deve caminhar para a comunhão com os outros. Isto também significa que cada elemento deve ser respeitado em sua originalidade e vocação, vivida como uma modalidade diferente, aberta ao diálogo, à acolhida e às exigências da caridade.
Certamente o carisma de Pe. Dehon poderá ser mais facilmente compreendido e partilhado pelos leigos que nos estão mais próximos e trabalham conosco. Uma cuidado muito grande deve-se ter para não atropelar outros grupos vivos e inseridos em nosso trabalho. Aqui o dar mais do que receber cabe muito bem.
Estes grupos todos não podem ser vistos como forças efetivas aos quais recorrer sempre que precisamos de alguém. Pe. Panteghini já escrevia numa carta de 1990: “Como aconteceu em outras Congregações, talvez a presença de leigos nos seja ainda incômoda, perturba nossa paz e cutuca nossa preguiça, força-nos a uma coerência maior. Neste sentido a presença deles é uma graça. Nós somos provocados a rever nosso estilo de vida, nosso trabalho pastoral, nossa capacidade de colaboração” (cf. In Dehoniana n. 79; 1991, p. VI).
São palavras que chamam a atenção. Haveremos de compreendê-las melhor ao ler os últimos artigos deste caderno sob o título “Algumas experiências”. O escrito do Pe. Chiarello nos informa sobre as experiências destacadas pela União dos Superiores Gerais. Depois, temos algumas experiências bem dehonians e dois testemunhos.
Por fim, alguns traços da vida da Congregação.