Aos oito dias do mês de março de hum mil novecentos e noventa e nove, às quinze horas, na cidade de Pindaré Mirim, Estado do Maranhão, estando presentes os padres Belmiro Rauber, Carlos Alberto da Costa Silva, Hector Gonzales, Hernan Leemrÿse, Inâncio Dalcin, Luiz Siqueira Machado, Marcos Antônio de Lima e Renato Cadore, deu-se a abertura do encontro Latino-Americano de Justiça e Paz. Lamentamos a ausência da Região da Venezuela (VEN) e Região Brasil Meridional (RBM).
A Coordenação do Encontro está ao encargo do Pe. Renato Cadore. O mesmo fez a abertura do encontro desejando as boas vindas a todos. Após a invocação do Espírito Santo, o coordenador iniciou com um histórico das antigas comissões de Justiça e Paz. As comissões de Justiça e Paz viveram um momento de impasse, há contudo um esforço de reestruturação . Mas como o compromisso social faz parte do carisma dehoniano, alguns passos importantes estão sendo dados. O 20o Capítulo Geral extinguiu a Comissão de Justiça e Paz e delegou ao Governo Geral e à Reunião dos Provinciais e Superiores Regionais a direção a tomar. O Secretariado Geral de Justiça e Paz foi criado. O governo geral confiou ao Pe. Carlos Alberto a tarefa de articular o Apostolado Social.
O Governo Geral tomou iniciativas concretas para manter viva a dimensão social do carisma dehoniano: a tradução das obras sociais do Pe. Dehon e a Conferência Geral de Recife, em maio de 2.000. Desta Conferência participarão: um representante da América Latina , eleito durante o Seminário sobre "Economia e Reino de Deus", em Santiago, Chile, (17 a 21 de janeiro de 2.000).
Todas as pessoas presentes tiveram a oportunidade de relatar a sua realidade e o que se pode fazer em termos de Justiça e Paz. No Chile, por falta de pessoas, a Comissão de Justiça e Paz foi fundida com a de Espiritualidade. Os chilenos decidiram dar um passo a mais: ir às causas; "Por que temos pobres"?
Os argentinos constatam que as assembléias de Justiça e Paz sempre se preocuparam com as causas, mas ao traduzir as idéias em trabalhos concretos nas paróquias, casas de formação e nas comunidades prevaleceu sempre a iniciativa individual e não a comunitária. Não se pode dizer que a Congregação esqueceu a dimensão social do carisma dehoniano, pois 80% das forças SCJ(s) estão aplicadas no Apostolado Social.
Na BS, faz-se notar o empenho individual nas lutas para transformar as estruturas injustas. A própria BS nasceu com o trabalho junto aos operários. Hoje, ressalta-se os trabalhos de promoção humana na realidade desafiadora do Sertão Nordestino. Contudo a Comissão de Justiça e Paz , como é assim denominada na BS, não tem conseguido efetivar planos que alimentem os trabalhos individuais e expressem a Província como um corpo. Tem-se a esperança de que os empenhos da Conferência Geral e a constante preocupação com a realidade de sofrimento do povo fomentem um trabalho mais efetivo da comissão atual.
Na Região do Maranhão desenvolveu-se a dimensão social do carisma dehoniano através de uma acentuada denúncia das injustiças sociais, formação para a cidadania, buscando-se alternativas comunitárias para melhorar a qualidade de vida do povo. Também destaca-se o empenho pelas pastorais sociais ( P. da criança, P. carcerária, P. da mulher, p. da saúde, e outras),presença nos conselhos municipais e forte comunhão com a Igreja no Brasil.
Na BM o Apostolado Social é uma das quatro áreas do PAP e tem 2 projetos: a difusão da DSI e as obras sociais da BM. Como proceder em Santiago? Santiago requer um esquema e uma luz para enfocar o Reino (enfoque bíblico-teológico) e a Economia ( enfoque sociológico). O Reino tem a dimensão do utópico ( futuro) e a dimensão do histórico ( hoje) . Foram feitas algumas considerações como: Buscar alternativas a partir de dentro do próprio sistema neo-liberal, não em grandes macro-economias, mas sentindo a presença do Reino. Para onde vamos? O que queremos? Como realizar o Reino de Deus, hoje, em nossos países? Como mobilizar os confrades nesta mobilização? A congregação tem bens materiais; como usa estes bens? Como os administra? Buscar uma política: significa a médio e longo prazo uma mudança na obtenção e do uso dos bens. A Congregação não pode estar no sistema como se nada acontecesse. O que as Congregações concretamente podem fazer? Existem investimentos a-éticos da Igreja , das Conferências Episcopais e das Congregações. Como conseguir a autossuficiência econômica das Províncias e Regiões?
Em Santiago, se pretende traçar um perfil da América Latina: 1o Análise das realidade econômica e social da AL; 2o Fundamentação bíblico-teológica do Reino de Deus; 3o Um estudo das respostas da igreja (DSI); 4o respostas da sociedade; 5o Nossa resposta. O objetivo: o Seminário Latino Americano sobre "Economia e Reino de Deus" está numa cadeia na preparação da Assembléia Geral de Recife. A partir de análise dos estudos sobre Reino de Deus e sobre Economia provocar atitudes de justiça e de paz: postura da América Latina a ser apresentada na Conferência de Recife.
Haverá três Assessores, o Assessor biblista para iluminar nosso conhecimento do Reino de Deus , o Assessor Economista que nos animará a entender a situação Latino americana e um terceiro que nos mostrará: 1o alternativas dentro do sistema neo-liberal (bancos éticos, comércio solidário...) ; 2o como olhar a realidade das Províncias e Regiões ( alguém que nos ajude a julgar e fazer propostas). PROGRAMA: 2a-feira (17/1/2000) - à noite: abertura; 3a -feira ( 18/ 1) : Visão Latino Americana ; 4a- feira (19/1): Bíblia; 5a - feira( 20/1): Alternativas; 6a - feira ( 21/ 1) - meio-dia : Como preparar as propostas para A Assembléia Geral de Recife.
Eu, Pe. Belmiro Rauber, secretário ad hoc, elaborei a presente ata que será assinada por mim e por todos os presentes.
Pindaré Mirim, 10 de março de 1999.