O evangelho de João tem quatro capítulos (de 13 a 17) em que Jesus prepara com os discípulos a Sua Páscoa. Nesses capítulos há uma constante que atravessa os pensamentos &emdash; sentimentos &emdash; orações de Jesus. A constante de procurar, provocar, promover a comunhão. Uma comunhão não motivada por razões puramente humanas, ou por finalidades estratégicas particulares ou pelo provérbio que indica a vantagem da união que faz a força...,mas uma comunhão fundada, motivada e inspirada pelo mistério principal da nossa fé, o mistério da Trindade.

Sem dúvida o projecto de comunhão inspirado à Trindade e resumido no espírito do "SINT UNUM", marca o coração de Jesus; é uma semente que precede e um fruto que sai da Páscoa de Jesus. A Trindade é, por Jesus, apontada como modelo: como no céu três pessoas iguais e distintas formam um só Deus, assim na terra mais pessoas, iguais por dignidade e distintas por origem &emdash;cultura &emdash;raça &emdash;história -idade..., são chamadas a formar uma comunidade de irmãos que viva no amor recíproco; è a Igreja..

Na vida fraterna então reconhecemos a vocação, a identidade e a missão da Igreja; ainda mais, o papel que a vida consagrada, pelo testemunho da vida fraterna em comum, tem na Igreja.

O evangelista João (13-17) parece traçar as linhas para uma autêntica vida comunitária; baseada e motivada no exemplo de Jesus servo que lava os pés dos apóstolos (Jo. 13),inspirada e orientada pela ícone da Trindade (Jo. 14), unida e agarrada a Jesus como os ramos à videira para dar fruto (Jo.15), sustentada pela força e consolação do Espírito e do retorno de Jesus (Jo.16).

Mas uma comunidade que viva na autêntica comunhão só pode ser um dom do Pai a pedir com a mesma apaixonada oração e contínua intercessão de Jesus: "SINT UNUM" (Jo.17).

O tempo pascal então estimula a nossa espiritualidade dehoniana do "sint unum" a tomar ainda mais a sério a escolha e o compromisso da nossa vida comunitária.

O trabalho de preparação do projecto comunitário que nos espera até a assembleia de junho seja o sinal e a medida de quanto, como e porque acreditamos no valor da vida fraterna em comum; seja feito com a consciência da preciosa missão que a vida fraterna tem na Igreja: isto é, alimentar em todos os discípulos de Jesus a saudade pela fraternidade, fazer compreender que este é o "sinal principal" deixado pelo Senhor para que o mundo acredite, sustentar com o testemunho de fraternidade os cristãos que lutam contra o egoísmo e o individualismo dum mundo insensível ao bem comum.

Nos acompanhe o espírito e a intercessão do p. Dehon. Ele que nos quer testemunhas e construtores do "sint unum " ajude as nossas comunidades a serem na história uma ícone da Trindade.

Neste espírito de comunhão quero desejar a todos um profícuo tempo pascal e cumprimentar cada confrade com um abraço fraterno