o Pai enviou-nos o seu Filho:
"Ele O entregou por todos nós" (Rom 8,32).
Pela ressur-reição, constituiu-O Senhor,
Coração da humanidade e do mundo,
esperança de sal-vação para quantos ouvem a sua
voz.
"Apesar de Filho de Deus, aprendeu a obedecer,
sofrendo, e, uma vez atingida a perfeição,
tornou-Se para todos os que Lhe obedecem
fonte de salvação eterna" (Heb 5,8-9).
20 - Cristo realiza esta salvação,
suscitando nos corações,
o amor para com o Pai e entre nós:
amor que regenera,
fonte de crescimento para as pessoas
e para as comunidades humanas
e que encontrará a sua plena manifestação,
quando tudo for recapitulado em Cristo.
21 - Com S. João, vemos no Lado aberto do Crucificado
o sinal do amor que, na doação total de Si mesmo,
recria o homem segundo Deus.
Contemplando o Coração de Cristo,
símbolo privilegiado desse amor,
somos fortalecidos na nossa vocação.
Com efeito, somos chamados a inserir-nos
nesse movimento de amor redentor,
doando-nos aos irmãos, com e como Cristo.
"Nisto conhecemos o amor:
Ele deu a vida por nós. Também nós
devemos dar a vida pelos irmãos" (1 Jo 3,16).
22 - Implicados no pecado,
mas participantes na graça redentora,
pela realização de todas as nossas tarefas,
queremos unir-nos a Cristo presente na vida do mundo
e, em solidariedade com Ele e com toda a humanidade e a
criação inteira,
oferecer-nos ao Pai como oblação viva, santa e
agradável (cf. Rom 12,1).
"Caminhai no amor segundo o exemplo de Cristo
que nos amou e Se entregou por nós a Deus,
como oferenda e sacrifício de agradável odor" (Ef
5,2).
23 - É assim que entendemos a reparação:
como acolhimento do Espírito (cf. 1 Tess 4,8),
como resposta ao amor de Cristo por nós,
comunhão no seu amor pelo Pai
e cooperação com a sua obra redentora no
coração do mundo.
É aí, de facto, que hoje
Cristo liberta os homens do pecado
e restaura a união da humanidade.
E é também aí que Ele nos chama a viver
a nossa vocação reparadora,
como estímulo do nosso apostolado (cf. GS 38).
24 - A vida reparadora será, por vezes, vivida
na oferta dos sofrimentos
suportados com paciência e abandono,
mesmo na noite escura e na solidão,
como eminente e misteriosa comunhão
com os sofrimentos e com a morte de Cristo
pela redenção do mundo.
"Alegro-me nos sofrimentos
suportados por vossa causa
e completo na minha carne
o que falta aos sofrimentos de Cristo
pelo seu Corpo, que é a Igreja" (Col 1,24).
25 - Animando, assim, tudo o que somos,
fazemos e sofremos pelo serviço do Evangelho,
o nosso amor,
pela participação na obra de
reconciliação,
cura a humanidade, reúne-a no Corpo
de Cristo e consagra-a para Glória e Alegria de Deus.
sobretudo pela união a Cristo
nos sacramentos e pela ascese pessoal,
liberta o nosso coração,
abre-nos à inspiração do Espírito
e ao encontro com o próximo na ca-ridade fraterna.
Permite-nos formar comunidades
onde, através de um encontro autêntico,
podemos alcançar a nossa realização humana
e esboçar uma nova família,
fundada sobre a força espiritual do amor.
43 - À imitação do Padre Dehon, temos por
missão
testemunhar o amor de Cristo
num mundo à procura de uma unidade difícil
e de novas relações entre pessoas e grupos.
O nosso celibato consagrado,
faz-nos participar na construção de uma nova
humanidade,
aberta para a comunhão no Reino.
b. Pobres segundo o Evangelho
44 - Cristo fez-Se pobre,
para nos enriquecer a todos com a sua pobreza.
"Conheceis a generosidade de N.S.Jesus Cristo:
que, sendo rico, Se fez pobre por vós,
para vos enriquecer pela sua pobreza" (2 Cor 8,9).
Cristo convida-nos à bem-aventurança dos pobres,
no abandono filial ao Pai (cf. Mt 5,3).
Recordaremos o seu insistente convite:
"Vai, vende tudo o que tens,
dá-o aos pobres;
depois vem e se-gue-Me" (Mt 19,21).
45 - Pelo voto de pobreza,
renunciamos ao direito de usar e dispor,
sem licença dos nossos superiores,
dos bens com valor pecuniário.
a. Tudo pertence ao Instituto:
o fruto do nosso trabalho, das reformas,
dos subsídios, dos seguros
e tudo aquilo que recebemos.
b. Conservamos a propriedade
dos nossos bens patrimoniais
e a capacidade de adquirir outros.
c. Antes da primeira profissão,
cedemos a quem quisermos
a administração dos nossos bens,
e dispomos livremente do seu uso e usufruto.
Antes da profissão perpétua,
fazemos um testamento
válido também civilmente.
Depois não se podem alterar essas disposições,
sem a licença do Superior maior.
d. Decorridos pelo menos dez anos
desde a primeira profissão,
com o consen-timento do Superior Geral
e o voto deliberativo do seu Conselho,
podemos renunciar
à propriedade dos nossos bens.
46 - A partilha dos bens no amor fraterno
permite-nos verificar
que, na Igreja e com a Igreja,
somos sinal no meio dos nossos irmãos.
Esta pobreza segundo o Evangelho
convida-nos a libertar-nos
da sede de posse e de prazer
que sufoca o coração do homem.
Estimula-nos a viver
na confiança e na gratuidade do amor.
47 - Neste espírito,
cada um de nós assume plenamente
a sua responsabilidade pessoal em relação à
pobreza.
A observância da pobreza pela dependência
não é critério de verdadeira fidelidade,
se não inspirar e manifestar
um espírito de pobreza efectiva
e livremente assumida.
48 - Sob as suas diversas formas,
o nosso trabalho, retribuído ou não,
faz-nos participar verdadeiramente
na vida e condição dos homens do nosso tempo
e é também expressão da nossa pobreza ao
serviço do Reino.
49 - Esta pobreza exige que procuremos juntos
um estilo de vida simples e modesto;
e que nos consideremos, pelo uso dos nossos bens,
responsáveis perante a comunidade.
50 - Põe-nos, assim, ao serviço de Deus e dos
irmãos.
Mais do que nunca, tomamos consciência
da miséria que aflige muitos homens
de hoje: ouvimos o clamor dos pobres (ET 17).
A persistência da miséria, individual e colectiva,
constitui para nós um constante apelo
à conversão da nossas mentalidades e atitudes.
51 - Se tomarmos a sério
o nosso compromisso de pobreza,
estaremos dispostos a pôr tudo em comum entre nós
e a ir ao encontro dos pobres e necessitados.
A nossa predilecção irá para aqueles
que têm maior necessidade
de ser considerados e amados:
estamos todos solidários com os nossos irmãos
que se consagram ao seu serviço.
Esforçar-nos-emos por evitar
qualquer forma de injustiça social.
Só assim, e seguindo as directrizes da Igreja,
poderemos despertar as consciências
para os dramas da miséria
e para as exigências da justiça (cf. ET 17).
52 - Seremos, deste modo, discípulos do Padre Dehon,
que teve sempre uma particular atenção
para com os homens do seu tempo,
sobretudo os mais pobres:
aqueles a quem faltam recursos,
razões de viver e esperança.
Para nós, tal como para ele,
o compromisso da pobreza pretende significar
a entrega de toda a nossa vida
ao serviço do Evangelho.
c. Abertos a Deus na obediência
53 - Jesus submeteu-Se amorosamente
à vontade do Pai:
disponibilidade particularmente manifesta
na sua atenção e abertura
às necessidades e aspirações dos homens.
"O meu alimento é fazer a vontade
d'Aquele que Me enviou
e realizar a sua obra" (Jo 4,34).
Queremos, a seu exemplo,
pela profissão da obediência,
fazer o sacrifício de nós mesmos a Deus
e unir-nos, de uma maneira mais firme,
à sua vontade de salvação.
"Vindo ao mundo, Cristo disse:
não quiseste sacrifício nem holocausto,
mas fizeste-Me um corpo.
Não Te agradavam nem holocaustos,
nem sacrifícios expiatórios pelos pecados.
Então Eu disse: eis que venho...
para fazer a tua vontade...
E é pela vontade de Deus que somos santificados,
graças à oferta que, uma vez por todas,
Jesus Cristo fez no seu corpo" (Heb 10,5-7.10).
54 - Com este objectivo, pelo voto de obediência,
pomo-nos inteiramente ao serviço da
Congregação,
empenhada na missão da Igreja.
Comprometemo-nos, assim,
a obedecer aos nossos Superiores,
no exercício legítimo
do seu serviço de autoridade
conforme as Constituições,
em tudo o que concerne à vida da Congregação
e à observância dos votos.
Devemos obedecer também
ao Soberano Pontífice e à Santa Sé.
No entanto, a nossa profissão não nos empenha apenas
quando os Superiores o peçam em força do voto:
insere toda a nossa vida no projecto de Deus.
55 - Congrega-nos numa vida comunitária
na qual, com a disponibilidade de todos,
mediante o diálogo aberto
e cheio de respeito por cada um
e sob a animação dos nossos Superiores,
procuramos a vontade de Deus.
Testemunhamos aos nossos Superiores
respeito e lealdade;
em efectiva corresponsabilidade
colaboramos com eles
no serviço do bem comum.
56 - O Superior, não sendo embora o único
responsável,
é o primeiro servidor desse bem co-mum.
Estimula a fidelidade religiosa e apostólica
das pessoas e da comunidade,
a exemplo de Cristo-Servo que unia os seus
no serviço comum ao desígnio do Pai.
57 - Prestamos atenção ao que o Espírito nos
inspira,
mediante a Palavra de Deus recebida na Igreja
e através dos acontecimentos da vida.
Queremos, deste modo, num mundo
em que os homens aspiram à liberdade,
teste-munhar a verdadeira liberdade
que Cristo nos adquiriu
e que só se consegue pela submissão ao Pai.
58 - Para o Padre Dehon, o Ecce Venio (Heb 10,7)
define a atitude fundamental da nossa vida.
Faz da nossa obediência um acto de oblação;
configura a nossa existência com a de Cristo,
pela redenção do mundo e para Glória do Pai.