PADRE
DEHON
SUA
PREOCUPAÇÃOCOM O SOCIAL
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Seu pensamento social
é uma síntese profunda de interioridade e compromisso
social, de mística e interesse pelo social, de espiritualidade
e civilização, de vida contemplativa e vida
apostólica, de verdade e amor, de fé e caridade, de
santificação do trabalho e justiça social, de
cultura cívica e religiosa (Paris e Roma), de
animação cultural e ação social, de
apostolado sacramental e de presença - apoio ao movimento
operário, de espiritualidade de Parais le Monial e
escola francesa, de continuidade e de criatividade com
relação a estas correntes espirituais, de
dedicação preferencial à formação
do clero (a começar nos seminários) para os abrir
à cultura civil e os aproximar do povo.
O testemunho de alguns
textos
- 5 de abril de 1869: Jesus
é nosso rei. Um rei de paz. Compete a ele reinar sobre as
nações e as almas. A sua lei é o evangelho. O
seu reino é doce, sem fausto, sem violência (NQ
V.I, p. 37).
- 6 de dezembro de 1869: Meu
Deus, o mundo tem fome de paz, de fé, de
religião (NQ V.I, p.75).
- 23-27 agosto de 1875: O
direito natural foi violado pela organização
econômica geral. Um programa de reformas sociais apenas
começava a ser elaborado no comitê de estudos da Obra
dos Círculos e nos primeiros escritos do grande Bispo de
Mogûncia, Ketteler. ...e com as dificuldades
econômicas o socialismo iria ganhar os favores. Os
católicos tinham de entender que a caridade não
bastava e que era preciso envolver-se nas questões de
justiça social e se criar um programa de reformas
(NHV, v.VI, pp.154-157).
- 6 de julho de 1887 :
Partida do Pe. Charcosset para Val-de-bois. Eu espero desta
fundação muitas vantagens para o desenvolvimento da
obra (NQ V.I, p.158).
- 24 de julho de 1887:
Presido a reunião trimestral da Conferência de
São Vicente de Paula. Estas atividades humanas, de
importância social tão grande, são pouco
expressivas em São Quintino. Reclama-se dos
operários, mas quem se ocupa de torná-los
cristãos? (NQ V.I, p.159).
- 12-13 de setembro de 1887:
Visita a Val-de-Bois, onde estão instalados nossos
padres. Val-de-Bois, um oásis no deserto da nossa pobre
França. A paz social reina neste mundo operário.
Encontro um verdadeiro espírito de fé e de caridade.
O amor ao sacrifício, o cuidado para com os pobres e
doentes. É para nós uma graça estar envolvido
nesta corrente de vida de imolação e caridade
(NQ V.I, p.XLVIII).
- 15 de março de 1888:
Reunião para ouvir o Pe. Ludovic de Besse sobre as
Associações patronais. Os patrões
cristãos devem se unir como fazem os outros para tratar
juntos das questões econômicas e morais que
interessam o mundo do trabalho. Falta aqui alguém de
iniciativa e de estudo que assuma a direção destas
obras. Venha o teu Reino!" (NQ V.I, p.195).
- 12-14 de abril de 1888:
Reinício do Colégio São João -
constantes entrevistas - confissão dos jovens - dia de
grande ocupação. Eu me sinto agitado como estive
muitas vezes. Ler, escrever seria mais charmoso, mas essa
atividade incessante, quando é em favor das almas
não é menos eficaz. Os livros permanecem, mas as
obras também e as almas ganhas ganharão outras
almas (NQ V.I, p.200).
- 19-21 de fevereiro de 1890:
Visita a Val-de-Bois. Fico sempre edificado. A fé e a
caridade reinam naquela casa. Ali nossos padres colaboram numa
grande obra. Por isso agradeço ao Sagrado
Coração de Jesus (NQ V.I, p.258).
- 5 de outubro de 1890:
É a festa do Círculo Operário para a
inauguração da capela que foi gratuitamente
restaurada pelos próprios operários nos
serões. Estes jovens fizeram um grande ato de fé
consagrando parte de suas noites ao Bom Deus durante quatro ou
cinco meses. Se estes jovens fossem mais apoiados, a
mudança social seria rápida (NQ V.I,
p.276).
- 12-15 de agosto de 1892:
Congresso de estudos a Val-de-Bois para seminaristas amigos
da obra. Uma bela reunião. Lá havia 25 jovens
piedosos e de qualidade, a elite dos nossos
seminários (NQ V.I, p.346).
- 24-30 de dezembro de 1892:
Natal: Nosso Senhor dá sua primeira audiência
aos pequenos e aos pobres. Igualmente seu vigário
Leão XIII testemunha caridade extrema, verdadeira ternura
paternal para com os trabalhadores" (NQ V.I, p.352).
- 25 de janeiro de 1893:
Reunião de estudos sociais em Soissons. Ela se
repetirá todos os meses. A obra das obras é formar
padres instruídos, zelosos, virtuosos. Estas
reuniões têm, entretanto, alguma utilidade tornando
conhecida as obras e o modo de fazê-las (NQ V.I,
p.357).
- 26 de abril de 1893:
Reunião mensal de estudos sociais em Soissons.
Far-se-á ali algum bem. Várias paróquias
tentam organizar sindicatos rurais cristãos. A
associação inspirada pelos párocos reconduz
os homens à igreja (NQ V.I, p.362).
- 17 de outubro de 1893.
Reunião diocesana em Nossa Senhora de Liesse. Eu
apresentei um trabalho sobre a utilidade dos Estudos Sociais.
Estas reuniões fazem algum bem, mas ainda demasiadamente
pouco e muito lentamente (NQ V.I, p.370).
- 25-29 de julho de 1894:
Congresso Eucarístico em Reims... Palestra de M.
Thiébault do Círculo de Reims sobre a Eucaristia e o
Operário. Nela um sinal dos tempos, o movimento
democrático entrou até nos Congressos
Eucarísticos (NQ V.I, p.222,225).
- 6-11 de agosto de 1894.
Reuniões de sacerdotes em Val-de-Bois. Estas
reuniões são organizadas pelo grupo de sacerdotes da
Democracia Cristã do Norte. ... Excelentes trabalhos foram
apresentados pelos jovens sacerdotes do Norte, sobre a
propriedade, as finanças, o comércio. O Bom Sr.
Léon Harmel, nos falou do salário e dos meios de
aumentá-lo. ... M. Naudet falou da imprensa. ... É
um conjunto excelente. Os temas são tratados por pessoas as
mais competentes. Eu fiz anotações que me
darão bons temas de conferências. De minha parte, fiz
cada dia na missa uma reflexão sobre o apostolado e o zelo
e, certa noite, uma apresentação sobre a
reparação ao Sagrado Coração (NQ
V.I, p.225,226).
- 12 de agosto de 1894.
É domingo, nós fomos participar do Congresso
Operário regional de Charleville. ... M. Naudet nos fez um
caloroso discurso sobre o programa social cristão.
Lá há alguns operários muito interessantes...
Eles tinham se deixado seduzir pela idéias socialistas, mas
voltaram à santa doutrina do Evangelho... (NQ V.I,
p.226).
- 23 de março - 15 de abril
de 1895: O bom sacerdote... é um homem de birô.
Realiza seu ministério exatamente segundo o método
antigo, não é homem de enfrentar o apostolado social
que leva a fé às populações. .. As
quaresmas são, como les prônes, anacrônicas.
Não será daquele modo que se reconstruirá uma
sociedade cristã. È preciso as missões para
impulsionar e as obras sociais para ganhar os homens. ... Ali como
em toda parte o remédio é o apostolado com os homens
e a prática da ação social
cristã (NQ V.I., p.233,234).
- 19-24 de novembro de 1895.
A violência provoca resistência. A lei humana
quando contradiz a lei divina, não é uma lei,
é violência... se o legislador toma uma
decisão errada, o homem honesto tem o direito de se
levantar diante dele e lhe dizer: eu não obedecerei
(NQ V.I, p.258).
- 10-15 de agosto de 1896:
Val-de-Bois. Reunião de jovens sacerdotes. Lá
fazemos um bom trabalho encorajando estes jovens sacerdotes a
estudarem as ciências sociais e a seguirem as
orientações dadas por Leão XIII. O progresso
é lento. Leão XIII enfrenta uma resistência
incrível. Mas o futuro está garantido porque esses
jovens sacerdotes, inteligentes e convictos, não se
deixarão desviar do bom caminho (NQ V.I,
p.276).
- 17-22 de agosto de 1896: Um
bom Congresso da Ordem Terceira em Reims... Os padres de
diferentes setores se envolviam com as questões sociais,
sobretudo os jovens. ... pode-se delegar à Ordem Terceira
uma poderosa ação social (NQ V.I,
p.276).
- 25-27 de outubro de 1896:
Congresso Eclesiástico (Reims). ... Há 500
padres zelosos, ardentes. ... Este pobre Congresso tão
sábio, tão prudente, tão bem conduzido foi
muito contestado. Fala-se de presbiterianismo, de sínodo
sem bispo, etc. Muito barulho por nada (NQ V.I,
p.277).
- 8-11 de maio de 1897.
É Milão das obras e do movimento
católico que eu queria ver desta vez. ... Dom Albertario...
programou uma conferência que eu fiz nos salões do
bispado... Tive um belo auditório, muito simpático e
falei do mal estar social contemporâneo e de seu
remédio. ... Bérgamo. Lá as obras tiveram a
mais perfeita organização da Itália. M.
Rezzara concentrou numa casa as obras de Bérgamo, um
jornal, um Círculo, uma instituição de
poupança, um banco católico, uma cooperativa,
reuniões para jovens sacerdotes, conferências para o
povo. No seminário de Bérgamo se estuda a
história social da Igreja, o movimento social
católico, o funcionamento dos Bancos rurais. Como estamos
atrasados entre nós! Os resultados deveriam, no entanto,
abrir nossos olhos (NQ V.I, p.303,304).
- 2-12 de junho de 1897:
Obtive uma audiência do Rei (Leopoldo da
Bélgica)... O Rei devia conhecer meu apostolado social.
Falou-me de seu medo quanto ao socialismo. Não via com bons
olhos os democratas que lhe amedrontavam. Evidentemente era um
conservador, mais burguês que aristocrata, muito temeroso do
movimento operário (NQ V.I, p.307).
- Outubro de 1898: ...uma
bela viagem de trabalho a Roma. Nossa pequena residência do
Monte Tárpeo tem sempre a honra de receber o Bom Sr. Harmel
e sua família. O Papa encoraja desta vez a democracia
cristã, os refratários ainda não se renderam,
mas a verdade terminará por triunfar. Nós não
temos de inventar o movimento democrático, ele é um
fato, ele existe e é irresistível, não temos
que fingir, mas entrar nele para o cristianizar e infundir o
espírito de justiça e de
moderação (NQ V.II, p.364).
- Janeiro de 1900.
Começamos algumas reuniões internacionais de
estudos sociais. ... Tivemos duas reuniões aos 17 e 29 de
janeiro. Estudamos a organização corporativa
(NQ V.I, p.521).
- Janeiro de 1901: Estudos
sociais. Tivemos boas reuniões de estudos sociais nos dias
2 e 15. Estudamos o movimento social na Itália. Certas
obras se desenvolveram muito. As mútuas e as caixas de
crédito são numerosas. - Quanto à
legislação, é quase nada. Os católicos
não participam da vida política. Não puderam
suscitar, como na Bélgica e na Alemanha, um código
de leis sociais. O forte na Itália é a doutrina. Ela
seguiu os fundamentos e o método da escolástica, e
quando estuda uma questão, põe mais ordem, mais
lógica, mais força que qualquer outra
nação. Toniolo sobretudo ensinou sobre a vida social
cristã noções tão sólidas
quanto elevadas.
- Janeiro 1901 - A
Encíclica: Democracia. A encíclica
Graves de Communi... apareceu aos 27
Ela
confirma a encíclica Rerum Novarum e consagra a
expressão Democracia Cristã. Podia-se pressentir
essa orientação da encíclica. Eu tinha
publicado minhas conferências sobre a Democracia
Cristã e seu programa, não tenho que mudar, nem um
iota (NQ V.II, p.562).
- Abril 1910 : Eu fui
levado pela Providência a abrir caminhos, mas dois sobretudo
deixarão uma marca profunda: a ação social
cristã e a vida de amor, de reparação e de
imolação ao Sagrado Coração de
Jesus (NQT, v.III, p.427, n.33).
- Fevereiro de 1916: Revejo
em minha memória toda a minha participação na
ação social cristã. Era uma
vocação, uma ação providencial. Eu
tinha orientado, muitas vezes, em Roma, as minhas leituras neste
sentido. Eu gostava de ler... fundei o Patronato, ao qual
acrescentei o Círculo, a Associação de
Patrões Cristãos... Organizei bons congressos...
Segui os congressos da ação operária... e os
dos Círculos... Durante vários anos, tivemos
reuniões diocesanas de estudos sociais...
conferências em Roma... A prática caminhava junto com
a teoria. As obras de São Quintino continuavam... em Val
des Bois colaborávamos com o Sr. Harmel desde há 30
anos e no Brasil desde há vinte anos com os patrões
cristãos de Camaragibe. Tudo não era perfeito neste
movimento social. Em toda reforma social há exageros e
descontroles... Em todo esse apostolado eu não via que a
promoção dos pequenos e humildes, segundo o
espírito do Evangelho (NQT, v.V,
pp.280-281).
- Janeiro de 1918: Por meu
Manual Social e meus livros... por minha
participação em muitos congressos e reuniões
de sacerdotes e por minhas conferências em Roma, não
tinha eu a missão de propagar entre o clero os
princípios e as ações da vida social
cristã, como o Sr. De Mun e o Sr. De la Tour de Pin entre
as classes dirigentes e aristocratas, como o Sr. Harmle e o SR.
Vrau no mundo da indústria? A Providência tinha me
preparado por meus estudos de Direito em Paris e por meu Patronato
em São Quintino (NQT, v.V, p.403).
- Fevereiro de 1919: Bela
audiência de adeus aos 28 de fevereiro. Conversamos com o
Santo Padre (Bento XV) sobre nossas obras, a ação
social cristã e sobre nossa casa em Roma (NQT, v.V,
p.463).
- Março de 1919:
Expusera humildemente ao Papa a idéia de que seria
bom lembrar as orientações de Leão XIII e a
dedicação da Igreja à classe operária.
Ele me disse que aproveitaria de uma ocasião
favorável, e essa não tardou. Três dias
depois, aos 3 de março, concedeu uma audiência aos
delegados da União Católica Social, e aproveitou
para pronunciar um caloroso discurso sobre a ação
social. Lembrou que as diretrizes de Leão XIII continuavam
em pleno vigor e que os católicos deveriam favorecer as
organizações de profissionais e os sindicatos
cristãos, ao mesmo tempo tinham de exigir a liberdade do
ensino cristão... (NQT, v.V, p.463).
- Estudos sobre o S.C.J.: Ele
(o Coração de Jesus) atua: ora, cura, consola, pede
que ajamos: deseja trabalhadores apostólicos... As
missões distantes, as missões populares, a
educação das crianças, as obras de
promoção dos deserdados deste mundo, que belo
programa de zelo e de caridade em união com o
Coração de Jesus! (Oeuvre Spirituelle, v.V,
pp.693.694).
- Nosso Congressos:
Vós que condenais os Congressos, os haveis assistido?
Sem dúvida não, porque teríeis compreendido,
como todos os que neles tomaram parte, que são como retiros
de zelo; que neles se aprende o método de fazer o bem... de
minha parte, testemunho ter seguido muitos Congressos desde
há 25 anos. Eu os considerei sempre como retiros de zelo.
Segundo meu humilde julgamento, tocar nestes Congressos, seria
trair a sagrada causa da Igreja (Oeuvres Sociales, V.II,
p.369,370).
- Vigésima Sexta
Meditação.
O CORAÇÃO
SACERDOTAL DE JESUS
E OS DEVERES DA VIDA SOCIAL E DA
AÇÃO POPULAR.
O Coração de Jesus amou
ternamente sua Pátria. Cumpriu os deveres cívicos, com
prazer e nos convidou a fazer o mesmo.
- O patriotismo e o
dever cívico
Amou Cafarnaum, que adotou como sua
moradia, e como centro onde exerceria seu primeiro ministério.
Ele a cumulou de favores e chorou sua ingratidão (Lc 4, 23;
10,15).
Como amou Jerusalém! Descendo
de Betânia, costumava parar na encosta do Monte das Oliveiras,
chorava, contemplando a cidade ingrata que iria sucumbir ao mais
rigoroso cerco registrado na história, e o belo Tempo que
seria destruído (Mt 23,).
Jesus nos ensina a cumprir nossos
deveres cívicos e políticos : Dai a César
o que é de César (22, 13). Pagai os
impostos como os outros (Mt 17).
São Paulo comenta a palavra de
Jesus : Dêem a César o que é de
César-Todo poder vem de Deus. Obedeçam
à autoridade. Os príncipes são os ministros de
Deus para o bem. Paguem os impostos e as taxas. Honrem as
autoridades (Rm 13).Todavia, há uma
exceção, no caso em que a autoridade ordena coisas
manifestamente contrárias à Lei de Deus : Deve-se
obedecer antes a Deus que aos homens (At 5,29).
Sejamos pois, bons cidadãos,
dedicados à pátria e a seus interesses morais e
materiais. Não sejamos homens de partidos. Os fariseus queriam
conduzir Jesus por esse caminho. Pode-se , diziam, obedecer a
César (um usurpador e um tirano)? Jesus mostrou-lhes a
moeda e lhes disse: Quem reina aqui? É César,
obedeçam a César.
IO p
O Coração de Jesus foi
particularmente dedicado às classes populares.
O Mundo passava por um processo de
renovação. Em Roma, o escravo era tratado como um
animal. Dez milhões de cidadãos eram servidos por cem
milhões de escravos. Na Palestina, os fariseus eram arrogantes
e sem coração.
Só um Deus podia dizer aos
homens : Vocês todos são irmãos (Mt
23), Amem-se uns aos outros (Jo 15).
Esta é a missão de
Jesus, foi sob esse aspecto que os profetas no-lo apresentaram :
Ele será habitado pelo Espírito do Senhor,
trará a Boa Nova aos pequenos e humildes, a cura de todos os
infortúnios, anunciará um ano do agrado do Senhor com a
remissão das dívidas e o soerguimento dos pobres (Is
61).
Toda reforma econômica e social
está em germe nos princípios que ele propõe : a
paternidade divina e a fraternidade de todos os homens.
Ele dá o exemplo de
simplicidade e de trabalho. Escolheu a oficina como sua morada e os
pastores como seus primeiros adoradores. É operário e
filho de operário. Vejamo-lo em Nazaré, de avental e
com os instrumentos de carpinteiro. Menosprezava a riqueza, o luxo e
as honrarias.
Reivindica, para os trabalhadores
justiça, respeito, afeto fraternal.
1o A justiça-
O trabalhador tem direito a seu salário, seu pão
e a todas as exigências de sua vida cotidiana : Dignus est
operarius mercede sua, cibo suo (Mt 10; Lc 10).
São João desenvolve
esse preceito : Ricos avarentos, escreve, seus tesouros
atrairão a ira de Deus sobre vocês. Seus trabalhadores
sofrem nos campos, e vocês não lhes retribuem
senão com um salário atrasado e insuficiente para
viverem (Carta cap. 5).
2O O respeito- Felizes os
mansos, os pacíficos os misericordiosos(Mt 5).
Aquele que não cuida dos seus servos é mais digno
de desprezo que um pagão (I Tim 5).
3O Afeto fraternal-
Vocês todos são irmãos (Jo 15).
Entre vocês, não se faça
distinção entre escravos e homens livres. Não
há mais escravo nem livre ( Gal. 3).Amem e
pratiquem a fraternidade ( 1 e 2 Pd; Paulo aos Ts
4).
III. A Igreja e o
Povo
A Igreja, inspirando-se no
Coração sacerdotal de Jesus, libertou os escravos. Ela
os elevou gradativamente, da condição de servo, ao
proletariado; quer conduzi-los à participação,
à cooperação, e à igualdade
cívica.
Organizou as comunas, as
corporações, as ordens para a libertação
dos cativos.
Com São Francisco, ela livrou
o povo da dureza do direito feudal.
Compensava os operários por
meio de obras, orfanatos, abrigos, sociedades de caridade.
Trajano e Marco Aurélio
submetiam os escravos e vencidos a trabalhos forçados, e
às lutas no Anfiteatro. Voltaire e os Filósofos
escarneciam do povo que só se prestava pra comer feno. Cristo
e os Apóstolos promulgavam a fraternidade
universal.
Ó padres, dediquem-se
às obras antigas e novas.
Ajudem a imprensa popular.
Incentivem os círculos de
estudos, as conferências, os retiros que formam
apóstolos
Vão ao povo reivindicar
justiça e direito para ele.
Vão ao povo para atender aos
seus interesses e recreação honestos.
No que toca à
fraternidade, diz São Paulo aos Tessalonicenses (4, ), isto
emana tão claramente do Evangelho que eu sequer tinha
necessidade de falar disto a vocês.